O Papa Francisco pediu nesta quarta-feira (24) que medidas concretas sejam tomadas para pôr fim à Guerra da Ucrânia e evitar um desastre nuclear na usina de Zaporíjia. Moscou e Kiev acusam-se mutuamente de colocar o complexo nuclear à beira da catástrofe radioativa.
Em discurso relativo aos 31 anos da independência da Ucrânia da ex-União Soviética, coincidindo com seis meses do momento da invasão russa à Ucrânia, o Papa Francisco chamou as guerras de loucura, mencionando a morte de Daria Dugina, filha do ideólogo ultranacionalista Aleksandr Dugin, em atentado no último sábado. “Inocentes pagam pela guerra”, disse, referindo-se a Dugina como “aquela pobre garota jogada no ar por uma bomba sob o banco de um carro em Moscou”.
Durante seu discurso, o papa chamou os comerciantes de armas que lucram com a guerra de “delinquentes que matam a humanidade”. No mês passado, em entrevista à agência de notícia Reuters o Papa Francisco disse que pretendia visitar Kiev, e também quer ir a Moscou, de preferência antes, para promover a paz.
No mês que vem, o papa vai participar de um congresso na capital do Cazaquistão, onde espera se encontrar com o patriarca ortodoxo russo Cirilo, que apoia a invasão da Ucrânia por Moscou.
Os ucranianos têm pressionado Francisco a ir primeiro a Kiev, dizendo que a reunião com Cirilo antes poderia enviar a mensagem errada para o mundo.
Recuperar a Crimeia
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse ontem, terça-feira (23), que vai recuperar a Crimeia a qualquer custo, sem consultar outros países com antecedência.
Essa península no Mar Negro foi anexada pela Rússia em 2014 após a derrubada do governo pró-Kremlin na Ucrânia. A região tornou-se importante linha de abastecimento para as tropas de Vladimir Putin e é disputada pelos dois países.
A afirmação de Zelenski ocorreu durante entrevista em Kiev, depois que líderes de dezenas de países e organizações internacionais participaram de um fórum chamado Plataforma da Crimeia, e cujo objetivo é restaurar a integridade territorial da Ucrânia. A participação no fórum ocorreu por vídeo.
Durante o evento, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, ofereceu apoio a Zelenski e pediu o fim da ocupação russa da Crimeia. “A Crimeia era, continua e será parte da Ucrânia, assim como Gdansk é parte da Polônia, Nice é parte da França, Colônia é parte da Alemanha e Roterdã é parte da Holanda”, afirmou.