O vice-ministro da Agricultura e dos Assuntos Agrários da China, Qu Dongyu, foi eleito, com 108 votos do total 191 votos válidos, o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que ocupará o cargo nos próximos quatro anos, de 1º de agosto de 2019 a 31 de julho de 2023. A eleição de Dongyu para a FAO recebeu o apoio oficial do governo brasileiro por intermédio da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que participou da votação durante a 41ª Conferência da FAO, realizada em Roma, Itália.
Vice-ministro da Agricultura da China desde 2015, Dongyu é biólogo por formação, PhD em Ciências Agrícolas e do Meio Ambiente e exerceu longa carreira como pesquisador na Academia Chinesa de Ciências Agrárias. O novo diretor-geral assumiu o compromisso com a justiça e a transparência no cargo ao afirmar que será imparcial e neutro à frente do cargo, onde trabalhará pelo povo e por todos os agricultores, por uma FAO dinâmica e por um mundo melhor. Segundo a delegação chinesa, Dongyu irá reformar a FAO em pouco tempo e fazer com que a China mantenha seus compromissos de cooperação mundial em favor do desenvolvimento da agricultura.
Países que também cumprimentaram o vencedor: França Itália, Kuwait, Tailândia, Guiné Equatorial, Bangladesh, Canadá, Cabo Verde, Alemanha, Austrália, Irã, Indonésia, Nigéria, África do Sul e Uganda. Por sua vez, a delegação do Uruguai, que se pronunciou em nome da América Latina e Caribe, assegurou que a região terá portas abertas para o novo diretor da FAO.
O brasileiro José Graziano da Silva, que comandava a FAO desde 2012, cumprimentou Dongyu e entregou a ele o novo crachá da FAO. Graziano também foi parabenizado pela ministra Tereza pelo período que exerceu na diretoria-geral da FAO. Ela destacou que a eleição na FAO aumenta a cooperação entre a China e o Brasil, pois os dois países têm muitos assuntos para definir dentro da pauta agrícola. A ministra liderou, em maio, missão à China, onde tratou da habilitação de mais frigoríficos brasileiros para exportação de carnes ao mercado chinês.
O chinês ganhou dos candidatos da França, Catherine Geslain-Lanéelle (71 votos) e da Geórgia, Davit Kirvalidze (12 votos). A pauta do novo diretor está focada na facilitação da agenda internacional de países em desenvolvimento e na inclusão digital no campo. Ele defende a inovação e o uso da tecnologia na agricultura.
Dongyu esteve no Brasil em março passado, quando participou de reuniões no Ministério das Relações Exteriores e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O vice-ministro chinês entende que a FAO deveria denunciar os abusos que colocam em risco a segurança alimentar. Ele pretende implementar reformas significativas na estrutura e no funcionamento das equipes da FAO com o objetivo de apoiar os estados membros, o incremento em 10% nos recursos a cada ano e o desenvolvimento de programas para jovens agricultores e para as mulheres.
Ainda na avaliação de Qu Dongyu, as políticas da FAO precisam estar alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, em especial com a erradicação da fome e da pobreza, com o aumento sustentável da produção agrícola e alimentar e com a promoção de um sistema de comércio internacional agrícola livre de distorções e restrições indevidas sem uma base científica adequada.