A China desbancou o Brasil como principal parceiro comercial da Argentina nos três primeiros meses completos da pandemia do novo coronavírus. Segundo especialistas, o movimento é conjuntural, mas pode vir a se tornar permanente, a depender de como cada país reagirá comercialmente no período pós-pandemia.
Em abril, a Argentina exportou US$ 509 milhões para China, sobretudo em soja e carne bovina – a cifra representa aumento de 50,6% em relação ao mesmo mês de 2019. Já para o Brasil, as vendas totalizaram US$ 393 milhões em abril, enquanto o mesmo mês no ano anterior rendeu US$ 907 milhões, representando uma queda de quase dois terços, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística da Argentina (Indec).
Nesse mesmo período, a Argentina importou mais do Brasil do que da China, mas o saldo da balança comercial de ambos foi bem distinto: enquanto os chineses encerraram abril com superávit de US$ 98 milhões no comércio bilateral, o Brasil fechou com déficit de US$ 132 milhões.
Mais do que meramente parceiros comerciais, Argentina e China vêm se aproximando em diversos setores – foi instalado um observatório espacial chinês para missões lunares na província argentina de Neunquén, na Patagônia, e o gigante asiático está aumentando sua produção de carne suína em território argentino para consumo interno.
Enquanto isso ocorre, a relação comercial entre Brasil e Argentina vem minguando devido à antipatia do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pelo argentino, Alberto Fernández, por conta de divergências ideológicas. Empossado há oito meses, Fernández nunca se falou com Bolsonaro, fato inédito na relação entre ambos os países em 35 anos.