O Tribunal Superior Eleitoral retoma hoje o julgamento da ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. A sessão está prevista para começar às 19h, com a leitura do voto do corregedor do processo, o ministro Benedito Gonçalves. Interlocutores afirmam que Gonçalves deverá votar pela inelegibilidade de Bolsonaro. A expectativa é que o corregedor profira um voto com mais de 300 páginas e que a sessão se estenda até 23h, em razão da extensão do voto cujo teor já foi entregue aos demais ministros da Corte.
Pela ordem de votação, após o corregedor quem votará será o ministro Raul Araújo. O último a votar é Alexandre de Moraes, presidente da Corte. As atenções estarão voltadas para o ministro que vota logo em seguida ao relator: Raul Araújo.
Ele é conhecido por suas posições ideológicas mais alinhadas às do ex-presidente. O ministro transformou-se na última esperança do ex-presidente para interromper o julgamento que deve torná-lo inelegível pelos próximos oito anos.
Em entrevista a uma emissora de rádio do Rio Grande do Sul, na sexta-feira passada, Bolsonaro admitiu isso: “O primeiro ministro a votar depois do relator, o ministro Benedito, é o ministro Raul. Ele é conhecido por ser um jurista com bastante apego à lei. Apesar de estar em um tribunal político eleitoral, há uma possibilidade de ele pedir vista. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos”.
A defesa do ex-presidente tem como estratégia jurídica o questionamento de parte das provas incluídas no processo. Além disso, argumenta que a reunião feita pelo então presidente com embaixadores teria sido um debate legítimo, sem caráter eleitoral e sem gravidade capaz de prejudicar o processo eleitoral.
Jair Bolsonaro reuniu-se ontem com deputados federais e estaduais do PL na Assembleia Legislativa de São Paulo. O encontro integra um roteiro de viagens que o ex-presidente tem feito pelo país para se defender e difundir o discurso de que é “perseguido”.
Depois do encontro com os correligionários, Bolsonaro declarou que não é “insubstituível”, mas indicou que ainda é o principal nome do Partido Liberal. “Não existe ninguém insubstituível. Tem muita gente no momento muito mais competente do que eu, mas que não tem o conhecimento nacional que eu tenho. Além de eu ter 28 anos de Parlamento, 15 de Exército brasileiro, eu tive quatro de presidente da República”.
O julgamento em curso no TSE não é o único que ameaça tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. Outras 15 ações já foram ajuizadas contra ele na Corte Eleitoral e não se resumem ao ex-chefe do Executivo, colocando em risco os direitos políticos de pelo menos mais 68 pessoas, além dos responsáveis por contas no Twitter que ainda devem ser identificados. As ações ainda não têm prazo para serem julgadas.