Presidente do BC diz a investidores, em Washington, que inflação caiu, mas pressões de preços continuam

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fala sobre juros e inflação, em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados.

Ao participar de reunião ontem com investidores em Washington, promovida pela XP Investimentos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação no Brasil caiu, mas pressões permanecem em meio a um componente de demanda “relativamente forte”.

O evento ocorreu em paralelo às chamadas reuniões de primavera realizadas pelo FMI e pelo Banco Mundial, O presidente do Banco Central disse ainda que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro passado iniciou-se um processo de deterioração.

Campos Neto voltou a elogiar a proposta do novo arcabouço fiscal, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como já havia feito antes, em um processo de apaziguamento após semanas de tensões com o governo Lula em torno das taxas de juros.

Ele comparou a Selic a uma dosagem de antibiótico e disse que ainda não é hora de reduzir os juros, apesar da desaceleração da inflação em março. “Se você parar no meio do tratamento só porque você tem os primeiros sintomas mais positivos, você pode perder todo o efeito”, afirmou.

Campos Neto evitou fazer comentários sobre a possibilidade de mudar a meta da inflação, mencionando a experiência internacional mostrando que não necessariamente isso ajudaria a reduzir as taxas.

Ao chegar ao prédio do Ministério do Planejamento, a ministra Simone Tebet, disse que o arcabouço fiscal, proposto por Fernando Haddad, deve ser votado pelo Congresso até o final do primeiro semestre porque o texto está “muito bom”. Segundo ela, a proposta passa na Câmara no mês que vem e segue para o Senado.

A ministra disse que pediu para fazer uma revisão na redação do projeto e que o texto será enviado de volta ao Ministério da Fazenda, quea e deve ser encaminhado ao Legislativo no início da próxima semana.

“Acredito que o Congresso aprova até o fim do primeiro semestre”, disse. Para a ministra, a queda na inflação, o câmbio mais favorável, o arcabouço fiscal e a tramitação da reforma tributária no Congresso criam um ambiente positivo para redução dos juros.

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