Lula recebeu ontem mensagem do presidente da China, Xi Jinping, desejando-lhe pronta recuperação em relação à broncopneumonia bacteriana e influenza A, que o levou a cancelar a viagem ao país asiático. Jinping manifestou solidariedade a Lula e sugeriu “uma visita o mais cedo possível e em data oportuna para ambos os lados”, de acordo com informações de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
O médico Roberto Kalil, que cuida da saúde do presidente, afirmou que a recuperação de um quadro leve, como o de Lula costuma levar, em média, sete dias. Segundo Kalil, o cancelamento da viagem “foi mais por bom senso”. Lula retoma sua agenda de encontros a partir de amanhã, no Palácio da Alvorada.
Com o adiamento da viagem de Lula à China por motivos de saúde, fica interrompido por enquanto o processo de reaproximação entre os dois governos, depois dos quatro anos de governo Bolsonaro. Lula seria o primeiro chefe de Estado a ser recebido em Pequim desde a recente sessão anual do Congresso Nacional do Povo.
O encontro dos dois presidentes estava agendado para amanhã, terça-feira. A expectativa entre empresários e diplomatas é de que o clima positivo da relação bilateral permita que a visita seja remarcada assim que Lula esteja em condições de viajar. O Itamaraty aguarda que a China sinalize com data mais conveniente.
No novo formato, será uma visita de Estado sem comitiva empresarial, que, em grande parte, havia viajado no início da semana passada. No próximo mês, Lula já tem visitas a Portugal e Espanha marcadas, o que torna mais provável uma data a partir de maio. Antes da posse, em 1º de janeiro, diplomatas chineses haviam informado ao assessor especial da Presidência, Celso Amorim, que gostariam que o país fosse o primeiro a ser visitado por Lula. Lula outra sequência: Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que se encontra na China há uma semana afirmou que há vários acordos já fechados entre Brasil e China, mas que decidiu adiar a assinatura deles até o presidente Lula viajar ao país. A assinatura desses termos estava prevista para esta terça.
Além da agropecuária, haveria avanços na cooperação e intercâmbio em tecnologias de semicondutores, as próximas gerações de redes móveis (5G e 6G), inteligência artificial, células fotovoltaicas (para geração de energia solar), automóveis (fábrica de ônibus elétricos) e aviões.
Regras fiscais podem ser anunciadas
O cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à China, como integrante da comitiva de Lula, cria condições para que a definição da nova regra fiscal avance nesta semana. Haddad havia afirmado na sexta-feira que a proposta está fechada pela área técnica e que novas informações seriam apresentadas ao presidente Lula nos próximos dias.
“Agora vamos voltar para o presidente com as respostas às perguntas que ele fez, e só marcar a data do anúncio”, afirmou. Havia uma expectativa de que a nova regra fosse anunciada apenas após a viagem do presidente e de ministros à China, que foi cancelada. Segundo Haddad, as perguntas que foram feitas na reunião de sexta passada “já estão elucidadas”.
Lula pediu o adiamento do anúncio das medidas do arcabouço fiscal para após o regresso da comitiva oficial, porque não via sentido na divulgação enquanto o ministro estivesse fora do país para explicações.