O presidente Lula desembarcou ontem em Xangai para a visita de Estado à China, sendo recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Xie Feng. A ex-presidente Dilma Rousseff também compareceu ao aeroporto. Dilma foi indicada por Lula como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos BRICS, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, está previsto para amanhã.
Hoje, Lula participou de cerimônia de posse de Dilma como presidente da instituição financeira. Ele defendeu o uso de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional entre os países do grupo.
“Porque que um banco como o Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do BRICS? É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda”.
Acrescentou que o século 21 “pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes”. Lula acha que os demais países poderiam usar as próprias moedas nas relações comerciais, sem utilizar o dólar, “e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”.
“Quem decidiu que é era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como paridade? Por que não foi yene? Por que não foi o Real? Por que não foi o peso? Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países em uma situação um pouco mais tranquila”.
Dados do Fundo Monetário Internacional indicam que o BRICS é formado por algumas das maiores economias do mundo:
- China – 2º lugar, atrás dos Estados Unidos;
- Índia – 7º lugar;
- Brasil – 9º lugar;
- Rússia – 11º lugar;
- África do Sul – 37º lugar.
O Banco Central brasileiro anunciou no mês passado que havia fechado um acordo com seu similar chinês para conversão direta das moedas dos dois países em operações comerciais. Até o momento, as instituições precisam fazer as operações com a intermediação do dólar americano.
A viagem de Lula à China busca tratar principalmente da relação comercial entre o país e o Brasil. O fluxo do comércio Brasil-China era de US$ 36,1 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 20,2 bilhões e vendas chinesas de R$ 15,9 bilhões. Vinte e quatro anos após, a China se transformou no maior parceiro comercial do Brasil.
A corrente de comércio entre os dois países alcança US$ 150,1 bilhões, com vendas brasileira de US$ 89,01 bilhões e exportações chinesas de US$ 60,7 bilhões. Além disso, o fluxo de investimento chinês aumenta, com peso expressivo no setor elétrico (geração, transmissão e distribuição) e também na indústria automobilística.