O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a defesa de valores ambientais como desculpa para o protecionismo econômico dos países desenvolvidos. A declaração foi dada em discurso na abertura da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), em Bruxelas, nesta segunda-feira (17). Ele também defendeu o potencial econômico dos países que compõe o Mercosul e o Caribe.
“A defesa de valores ambientais, que todos nós compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação. Sua manutenção é condição para a industrialização verde que queremos implementar”, declarou o chefe do executivo brasileiro.
Lula defendeu que o Mercosul quer se certificar de uma relação comercial justa, sustentável e inclusiva com a UE. “A conclusão do acordo Mercosul e União Europeia é uma prioridade e deve estar baseada numa confiança mútua e não em ameaças”, disse.
O presidente ressaltou que a proteção da Amazônia é uma obrigação, e assegurou que o desmatamento na região será eliminado até 2030. No entanto, ele enfatizou que “a floresta tropical não pode ser vista apenas como um santuário ecológico. O desenvolvimento sustentável possui três dimensões inseparáveis: a econômica, a social e a ambiental”, pontuou.
Para Lula, o mundo precisa se preocupar com o direito de viver bem dos habitantes da Amazônia. Ele também fez criticas ao atual modelo de governança global, que em sua avaliação perpetua assimetrias, aumenta a instabilidade e reduz as oportunidades para os países em desenvolvimento.
Divisão internacional do trabalho
Em seu discurso, Lula também disse que é necessário pôr um fim na divisão internacional do trabalho, que, em sua avaliação, tem condenado a América Latina e o Caribe. “Precisamos de uma parceria que ponha fim a divisão internacional do trabalho que condena a América Latina e o Caribe ao fornecimento de matéria-prima e mão de obra mal remunerada e discriminada”, disse.
Além disso, o presidente brasileiro defendeu que os diálogos com a União Europeia, China, índia, União Africana e associações do sudeste asiático refletem a diversidade de interesses da “nossa região”. “Com a Europa compartilhamos uma longa história e laços econômicos e sociais. A cooperação entre as duas regiões devem refletir as realidades e prioridades de ambos os lados do Atlântico”, afirmou.
Segundo ele, o acordo com a UE foca na redução das desigualdades e na erradicação da fome e da pobreza, tanto para a América Latina quanto para o Caribe.
“Temos que encontrar caminhos para superarmos as assimetrias de desenvolvimento econômico e social. Iniciativas de mobilização de recursos ou investimentos são bem-vindas e devem contemplar a transferência de tecnologia e real integração de cadeia produtiva”, defendeu.
Ainda de acordo com o presidente, o acordo entre os blocos é uma “prioridade e deve estar baseada na confiança mútua e não em ameaças”, concluiu.