Em cerimônia realizada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na terça-feira da semana passada (14), o governo festejou a oferta subsequente das ações da Eletrobras e formalizou a privatização da empresa. Trata-se da maior operação de privatização de uma estatal no país, entre as várias prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no início do mandato, em janeiro de 2019. Com o toque da campainha no pregão da bolsa, para celebrar a oferta das ações, a empresa inicia nova fase desde a sua criação, em 11 de junho de 1962, ou seja, exatamente há 60 anos.
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, compareceu ao ato. No momento do toque da campainha, o presidente tinha a seu lado o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, nome cotado para vice-presidente na chapa de Bolsonaro pela reeleição.
Bolsonaro não discursou. Permaneceu calado, não esboçando qualquer sinal em relação ao evento. Quem falou foi o ministro Paulo Guedes, mencionando que a operação de capitalização da empresa, e sua consequente privatização, foi complexa.
“São R$ 5 bilhões para o programa nuclear; R$ 32 bilhões para a modicidade tarifária; R$ 25 bilhões para a União; R$ 10 bilhões para a revitalização das bacias hidrográficas. A privatização tem inúmeras dimensões e é produto de esforço enorme”, explicou. De acordo com Guedes, a privatização da companhia vai garantir segurança energética para o país.
“A missão é deixar esse legado para gerações futuras. É a maior empresa de geração de energia limpa e renovável do mundo, que está livre. É como um filho que saiu de casa aos 18 anos e foi para a vida. E agora vai vencer e não precisa mais ficar sob a proteção do Estado. A Eletrobras agora está livre, está capitalizada, vai seguir. Ela é a garantia da segurança energética do Brasil.”
Analistas apostam que, a partir de agora, a empresa ganha musculatura para promover investimentos no setor, participar de leilões e aproveitar oportunidades de crescimento. Mais de 800 milhões de ações da companhia foram vendidos ao preço de R$ 42 para cada ação ordinária, movimentando R$ 33,7 bilhões.
Rodrigo Limp, que assumiu o comando da Eletrobras em maio do ano passado, assegurou que a companhia entrou em um novo modelo de governança e que vai seguir cumprindo “o papel de protagonista no setor elétrico”. Para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, que atuou na estruturação do modelo de privatização da empresa, poucos países possuem condições de estruturar “uma operação tão complexa como esta”.
Conselheiros renunciam
A empresa informou, no sábado à noite, ter recebido carta de renúncia de nove dos atuais dez membros do conselho de administração da companhia. Na carta, os conselheiros pontuam ser “evidente” que, com a privatização da companhia era preciso formação de novo colegiado.
A maioria dos que renunciaram foram indicados pela União que, antes da privatização, era acionista controlador da holding do setor elétrico. O conselho de administração da empresa é composto por 11 integrantes. No momento, há uma vaga em aberto.