O governo do Paraná quer levar a leilão neste semestre a concessão da Nova Ferroeste, ferrovia com quase 1.600 quilômetros que passa também por Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Trata-se do projeto mais avançado entre as ferrovias autorizadas pela Lei nº 14.273/21, instrumento legal que criou a figura da autorização, pela qual o setor privado pode implantar e explorar novas ferrovias no país.
A meta é criar um novo corredor ligando as áreas produtoras de grãos dos três estados ao porto de Paranaguá, como ocorre hoje entre Mato Grosso e o porto de Santos (SP) com a ferrovia da Rumo e com os projetos em direção aos portos da Região Norte. Produtores do Paraguai também poderão se beneficiar com a nova ferrovia pelo ramal que dará acesso a Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira (Brasil/Argentina/Paraguai).
O governo paranaense quer iniciar as audiências para discutir o impacto ambiental do projeto já no próximo mês, a fim de publicar o edital com as regras e a data do leilão, previsto para junho. Vencerá quem pagar outorga superior a R$ 160 milhões.
O vencedor poderá explorar o ramal já em operação, em bitola métrica, que liga Cascavel a Guarapuava, no Paraná, e construir e operar outros quatro novos ramais, cujos contratos já foram assinados com o Ministério da Infraestrutura. E terá o desafio de executar duas obras de peso: chegar ao porto de Paranaguá, transpondo o trecho entre o planalto e o litoral; construir uma ponte ferroviária sobre o rio Paraná, na divisa com Mato Grosso do Sul.
Em toda a extensão da malha, estão previstos investimentos de R$ 29,4 bilhões (em valores de janeiro de 2021) e um prazo de contrato de 70 anos. A Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto foi fixada em 11% ao ano. Segundo o secretário de Transportes do ministério, Marcelo Costa, a ferrovia sobressai porque transportará a safra agrícola para exportação e, no retorno, cargas vindas do exterior ou da navegação de cabotagem para o interior do país.