Lula mantém ministro, mas quer mais empenho para votos de seu partido no Congresso

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, assume o cargo, em cerimônia no auditório do ministério

Pelo menos, por enquanto, Juscelino Filho, filiado ao União Brasil, continuará à frente do Ministério das Comunicações. Lula reuniu-se com o ministro no final da tarte de ontem, segunda-feira, e decidiu mantê-lo no posto, em meio a suspeitas de uso indevido de diárias e voos oficiais em eventos particulares.

A avaliação no Palácio Planalto é que, apesar do constrangimento, o “voto de confiança” dado a ele pode servir para que o ministro se empenhe em garantir votos de a favor do governo, no Congresso. O União Brasil tem três ministério na Esplanada, mas tem se declarado independente e  está dividido se integra ou não a base aliada.

Após a reunião com Lula, o ministro recorreu às redes sociais afirmar ter “esclarecido as acusações infundadas” e tratou o encontro como “positivo”. “Na ocasião, esclareci as acusações infundadas feitas contra mim e detalhei alguns dos vários projetos e ações do Ministério das Comunicações. Temos muito trabalho pela frente!”, afirmou.

O ministro foi aconselhado a se defender publicamente caso surjam novas suspeitas contra ele. A avaliação feita por assessores de Lula é que não valia a pena retirá-lo a agora, mas que o ministro precisa entregar votos. E que não surjam fatos novos envolvendo seu nome.

Parlamentares filiados ao PT entendem que o episódio serviu para que o União Brasil assumisse a indicação do ministro, depois que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, defendeu publicamente a sua saída do cargo. Quando Juscelino foi anunciado para o Ministério das Comunicações, seu nome era vinculado a indicação feita pelo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), e não uma escolha de consenso da bancada do partido na Câmara.

O governo conta com o apoio do União Brasil para aprovar temas caros ao Planalto, como reforma tributária e o novo arcabouço fiscal. Auxiliares do presidente avaliam que os meses de março e abril serão decisivos para avaliar o nível de comprometimento da sigla com as pautas de interesse do Palácio do Planalto.

Além disso, o governo espera que o partido não apoie a criação de CPI para investigar os atos de vandalismo ocorridos em janeiro, que levaram à depredação dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

A legenda tem três ministérios no governo Lula (Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional), mas tem adotado conduta de independência, além de possuir uma série de integrantes declaradamente de oposição ao governo, como o senador Sergio Moro (União-PR).

O partido tem 59 deputados na Câmara e 10 no Senado, entre os quais um declaradamente de oposição ao governo, o ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro (PR). Antes da reunião com Lula Juscelino Filho publicou um vídeo nas suas redes sociais no qual se defende das acusações de uso indevido de diárias e do avião da FAB.

O ministro apontou “erro no sistema de diárias”, que acabou incluindo indevidamente no cálculo dos valores as datas referentes a fins de semana, quando não teve agendas públicas. Juscelino ainda acrescenta que todas as diárias pagas indevidamente foram devolvidas aos cofres públicos.

Comissão de Ética

A Comissão de Ética Pública da Presidência da Pública investigará as denúncias contra o ministro Juscelino Filho. As acusações envolvem uso de avião da FAB para tratar de assuntos pessoais e recebimento de diárias para uma viagem, em que a maior parte da sua agenda foi dedicada a um leilão de cavalos.

“Se ele não conseguir provar a inocência, não pode ficar no governo”, tinha afirmado o presidente em entrevista na quinta-feira passada. Na reunião de ontem, ficou acertado que Lula daria tempo para Juscelino se explicar em público, mas também cobraria fidelidade do partido ao qual o ministro é filiado, União Brasil, nas votações na Câmaras e no Senado.

 

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