Lula é aconselhado a baixar o tom nas críticas ao Banco Central e a seu presidente

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

O presidente Lula foi aconselhado por auxiliares a baixar o tom de críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à própria instituição. Integrantes do governo observam que é preciso paz e uma “trégua” na relação, embora o PT continue fazendo críticas recorrentes à atuação de Campos Neto, do BC e da taxa de juros, hoje em 13,75%.

Ministros, como o da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e assessores do governo entraram em campo na semana passada, quando Lula atacou o nível da taxa de juros do BC no evento de posse da nova direção do BNDES, no Rio.

Conforme avaliação desse grupo de auxiliares do presidente, a fala de Lula contaminou a agenda que seria positiva na área da saúde, quando foram anunciadas medidas para reduzir a fila de cirurgias eletivas no Sistema Único de Saúde (SUS). De volta a Brasília, os ministros intensificaram as conversas com Lula para convencê-lo a baixar o tom, não falar da autonomia do BC e nem da pessoa de Roberto Campos Neto.

Lula foi aconselhado a não personificar ao falar de juros, disse um ministro. Segundo um auxiliar, nas reuniões, foi explicado ao presidente o conteúdo da lei que dá autonomia ao BC e seus objetivos de suavizar as flutuações da atividade econômica, do mercado financeiro, além do controle da inflação.

Para que a taxa básica de juros do país, a Selic, desça do atual patamar de 13,75% ao ano, será preciso desatar vários nós que alimentam a inflação. Esses entraves vão da reoneração dos combustíveis ao aumento previsto para o salário mínimo, passando pela persistência do núcleo de inflação em patamares elevados.

Pesa ainda o que alguns analistas identificam como dependência, por parte do BC, das projeções do mercado para a inflação. Economistas ressaltam que a autoridade monetária precisará de cautela em sua política monetária, diante do cenário de resiliência dos preços.

Dados do Banco Central, compilados pela consultoria Tendências, apontam que a média do núcleo de inflação está em 8,62% no acumulado em 12 meses até janeiro. No mercado, há economistas que são favoráveis à revisão da meta de inflação para este ano. Concordam que um aumento da meta seria necessário para um avanço da economia brasileira.

 

Disciplina fiscal

Ao participar ontem no Congresso da sessão comemorativa dos 130 anos do Tribunal de Contas da União (TCU), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ser necessário haver disciplina fiscal, mas entende que é preciso ter um “olho mais especial no social”, em novo aceno ao governo Lula.

“Fiscal com o social, eu acho que é o importante, acho que hoje é no que a gente precisa se concentrar. Isso exige escolha e métodos e aí a parceria com TCU é fundamental”, afirmou.

 

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