Em entrevista ao portal de notícias Brasil 247, na manhã desta terça, o presidente Lula afirmou que o governo não tem pressa para apresentar as novas regras fiscais preparadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para substituir o teto de gastos.
Segundo o presidente, o arcabouço fiscal será tornado público após sua volta da viagem à China, para onde viaja no fim desta semana e permanece até o dia 31 deste mês. No retorno, o presidente deve fazer escala nos Emirados Árabes Unidos.
Para o presidente não faz sentido o anúncio das medidas e, em seguida, ele e o ministro Fernando Haddad, saírem de viagem ao exterior, sem prestarem os esclarecimentos necessários.
Mas avisou que a proposta já está “madura”, embora “tenha que discutir um pouco mais. A gente não tem que ter a pressa que algumas pessoas do setor financeiro querem”.
“Nós embarcamos sábado. O Haddad não pode comunicar uma coisa e sair. Seria estranho. Eu anuncio e vou embora. O Haddad tem que anunciar e ficar aqui para debater, para responder, para dar entrevista, para conversar com o sistema financeiro, com a Câmara dos Deputados, com o Senado, com outros ministros, com empresários”.
No esforço de evitar vazamentos do conteúdo da proposta, o ministro da Fazenda tem restringido o acesso ao conteúdo do projeto. Essa estratégia está em linha com o que o próprio presidente pediu aos ministros, em reunião na semana passada no Palácio do Planalto.
Medidas em estudos devem ser anunciadas como proposta de governo, após passar pela Casa Civil. Além disso, o ministro pretende manter a proposta em sigilo para evitar o risco de desgaste, já que Lula deve solicitar alterações se considerar a proposta muito rigorosa.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse acreditar que o novo arcabouço fiscal vai ao encontro ao que o Congresso quer para o país. “Da forma como a equipe econômica moldou o novo arcabouço fiscal e conhecendo o Congresso, especialmente o Senado, vai agradar muito e vai ao encontro do que o Senado quer para o Brasil”, disse a ex-senadora.
Durante seminário organizado pelo BNDES, o presidente do banco, Aloizio Mercadante, afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode esperar dele “total lealdade e parceria” em relação ao novo arcabouço de regras fiscais. Mas defendeu a participação da instituição no debate.
“Estamos aguardando novo arcabouço fiscal. O Haddad pode esperar de mim total lealdade e parceria”, disse Mercadante. Mas, “não nos peçam para deixar de dizer o que pensamos e ajudar o governo a acertar. Aquele BNDES acanhado acabou”.