Os rescaldos no PSDB após Doria ensaiar mudar os planos do partido

Foto: EBC

O dia começou com a notícia surpreendente de que João Doria (PSDB) iria desistir de renunciar ao governo de São Paulo e, com isso, não ser mais candidato à Presidência da República pelo partido tucano.

A notícia causou um terremoto político de imensas proporções e que terá repercussões, mesmo Doria tendo “desistido da desistência”. No final das contas, ele continua sendo o candidato do PSDB, ainda que pendente de confirmação em convenção nacional em julho.

Por que Doria teria, então, pensado em desistir? A primeira resposta está no fato de que ele se considera traído pelas movimentações que estão em curso para fazer Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) o candidato presidencial do PSDB em uma aliança que envolveria o União Brasil e o MDB. Para os dois partidos, o acordo com Doria seria complicado – diante de sua rejeição alta – e as lideranças de ambos acreditam que Leite é o nome que pode surpreender em uma grande aliança.

Como retaliação à trama, Doria ficaria no governo de São Paulo até o fim do ano, transformando Rodrigo Garcia em um candidato enfraquecido e deixaria o PSDB à própria sorte, tanto no plano nacional quanto estadual. Não foi o que aconteceu.

E por que ele recuou da desistência? Basicamente pelo fato de que iria desestruturar um arranjo estadual potencial competitivo com União Brasil e o MDB em torno de Garcia. Além de ser visto como um traidor perante seus aliados e pouco confiante em relação à sua candidatura presidencial.

O movimento terminou sendo abortado com uma carta de Bruno Araújo, presidente do PSDB, que dizia o óbvio: Doria é o vencedor das prévias e será candidato caso seja confirmado pela convenção.

Restam duas perguntas no ar. A trama apontada por Doria deixará de existir? Eduardo Leite está descartado como candidato presidencial do PSDB? A resposta para ambas é não.

Segmentos expressivos do PSDB não querem João Doria como candidato e, caso ele não suba nas pesquisas, os questionamentos vão prosseguir. De certa forma, Doria tem os meses de abril e maio para mostrar- se competitivo e buscar unir o partido em torno de seu nome.

Doria terá o desafio adicional de convencer o União Brasil e o MDB de que sua candidatura é viável. Enquanto isso não acontece e até as convenções, a candidatura de Eduardo Leite poderá continuar a ser cogitada.

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