PT, PCdoB, PV, PSB, Rede, PSOL e SD lançaram, na semana passada, as diretrizes do “Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil”. As propostas têm a economia como foco: recuperação da economia, combate à fome e redução da desigualdade social. Em um dos trechos do programa é dito que “a política econômica vigente é a principal responsável pela decomposição das condições de vida da população”. Trata-se não apenas de questão ideológica, mas também de pragmatismo eleitoral.
Em relação aos combustíveis, o entendimento é de que “o país precisa de uma transição para uma nova política de preços dos combustíveis e do gás que considere os custos nacionais”.
Quanto ao tema das privatizações, o programa indica que a Petrobras “terá seu plano estratégico e de investimentos”. Sobre a Eletrobras, o texto destaca a necessidade de “recuperar seu papel como patrimônio do povo”. Também há um posicionamento contrário à privatização dos Correios.
Foram defendidas ainda a revogação do Teto de Gastos, uma nova legislação trabalhista “a partir de um amplo debate e de negociação” e uma reforma tributária segundo a qual “os pobres paguem menos e os ricos paguem mais”.
Sobre emprego, é possível perceber a defesa do protagonismo do Estado. Há defesa da “retomada dos investimentos em infraestrutura; e a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e ambientais”. Os partidos aliados também se comprometeram com a valorização do salário-mínimo e a ampliação do programa Bolsa Família.
Pesquisa Datafolha (23) mostra que entre quem recebe até 2 salários-mínimos o ex-presidente Lula (PT) supera o presidente Jair Bolsonaro (PL) por 56% a 20%. No segmento com renda entre 2 e 5 salários surge um empate técnico, considerando-se a margem de erro (dois pontos percentuais para mais ou para menos): Lula tem 39%; Bolsonaro registra 35%. Nas demais faixas de renda, quem vence é Bolsonaro: mais de 2 a 5 salários (44% a 29%); e mais de 10 salários (47% a 35%). Resultado: Lula é o preferido entre os eleitores mais pobres, os mais atingidos pelas consequências da pandemia e, principalmente, pelo aumento da inflação.