Ataques pessoais entre os dois candidatos que lideram a disputa marcaram o último debate entre os postulantes ao Palácio do Planalto. No encontro, promovido pela TV Globo, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) fizeram acusações mútuas sobre corrupção e protagonizaram guerra de direitos de resposta no primeiro bloco.
Coadjuvantes na corrida eleitoral como Soraya Thronicke (UB) e Padre Kelmon (PTB) também trocaram ofensas em temas como religião e foram repreendidos pelo mediador, William Bonner. Houve poucas propostas de governo apresentadas no encontro.
Também participaram os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d’Avila (Novo). Todos eles deixaram em segundo plano as propostas de governo e deram mais atenção às ofensas mútuas e aos embates agressivos. O encontro avançou pela madrugada de hoje e reuniu os sete candidatos.
Lula e Bolsonaro ficaram frente a frente no primeiro bloco e reproduziram o clima da disputa, de muito acirramento. Entre acusações e direitos de resposta concedidos pelo mediador do debate, os rivais se acusaram da prática de corrupção. “Nós não podemos continuar no país da roubalheira”, afirmou Bolsonaro.
O presidente disse que Lula montou uma “quadrilha” quando governou e que o país vivia uma “cleptocracia”. O candidato do PT citou acusações de prática de rachadinha pela família Bolsonaro, os sigilos de cem anos decretados pelo presidente para documentos do governo e o “gabinete paralelo” no Ministério da Educação, como a propina em ouro cobrada por pastores que frequentavam o prédio do ministério.
Sem conseguir sair do seu núcleo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu angariar votos muito além do seu eleitorado mais fiel para se eleger presidente da República em 2018. Neste ano, ironicamente, a incapacidade de romper essa bolha pode tirá-lo do Palácio do Planalto.
Há quatro anos, em meio à onda antipetista que varria o Brasil pós-Lava-Jato e à comoção com a facada que quase tirou-lhe a vida, Bolsonaro obteve 46,03% dos votos válidos em primeiro turno. Ao longo de toda a atual campanha, porém, não conseguiu se aproximar desse índice.
Teria hoje apenas 36% dos votos válidos, segundo a pesquisa Datafolha de ontem. O dilema entre falar só para a própria bolha ou abrir-se ao eleitorado médio dividiu o entorno de Bolsonaro.