O PSDB não está disposto a se associar ao governo, ao PT e a seus aliados na aprovação da CPMF no Congresso por motivos óbvios: criação de tributo é algo muito impopular, principalmente em ano eleitoral. Além disso, o imposto do cheque já teve anteriormente uma experiência fracassada, com o dinheiro sendo direcionado para atividades não prioritárias.
Em 2007, no auge da popularidade do ex-presidente Lula, o partido comandou uma rebelião bem-sucedida contra a CPMF, que acabou derrotada graças à resistência que se consolidou no Senado.
Parlamentares do partido estão se organizando para repetir a façanha. Pretendem formar um grupo de resistência à proposta com a adesão de outros partidos de oposição. Na opinião deles, a CPMF agravaria a situação de queda do ritmo de atividades, o contrário do que o governo diz que pretende.
Os tucanos acham que poderão contar com o apoio de setores da indústria e do comércio nessa cruzada. Em especial, de entidades patronais que têm uma cultura já disseminada de combate a iniciativas do Executivo de aumentar e criar impostos.
Segundo deputados e senadores do PSDB, é preciso aproveitar a oportunidade que o Planalto colocou no colo da oposição de atacar o governo com a certeza de obter apoio da população e de empresários.
A CPMF tem outra frente de restrição – os governadores, justamente o grupo que a presidente Dilma busca cooptar para ajudá-la a pressionar parlamentares. Há uma semana, um grupo deles reunido em Brasília sob a coordenação de Rodrigo Rollemberg (PSB), do Distrito Federal, foi ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em missão contrária: buscar alívio para os seus cofres.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Rollemberg disse que o apoio dos estados à CPMF é incerto. De acordo com ele, se o Palácio do Planalto conta com o aval dos governadores para aprovar a recriação do imposto, terá dificuldades para concretizar o projeto. Eles resolveram unir-se na formulação de uma pauta de reivindicações e sabem que a CPMF só tem futuro se for politicamente neutra.