O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem à noite que tinha “uma notícia boa” na economia. A inflação está em queda, ainda que em ritmo mais lento, e a atividade vem surpreendendo para cima.
“Na atividade econômica também temos uma notícia boa. Eu digo que o cenário está clareando. A gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, ainda que lenta”, afirmou em palestra na entrega do “Prêmio Inovação para o Desenvolvimento Econômico”, promovido pelo Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), em Fortaleza
O presidente do Banco Central acrescentou que os “índices de confiança melhoraram, mas ainda abaixo da média”. Campos Neto explicou que “a inflação cheia do Brasil está caindo bastante, a parte de energia caiu mais rápido, mas os países ainda estão com núcleos bastante altos comparando com as metas”.
Disse que o índice cheio de preços “subiu muito e caiu muito. Foi a que mais caiu entre os emergentes. Há uma distorção aqui por conta de medidas tributárias adotadas no ano passado. Fica mais difícil ter a visibilidade do índice cheio. Os núcleos estão caindo, isso é bom, mas está mais lento do que imaginávamos”.
Segundo o presidente do Banco Central, “ainda tem um trabalho a ser feito”. “A gente entende que essa queda da inflação vai continuar. É a primeira vez que há um surto inflacionário mundial e o Brasil está abaixo. Isso se deveu porque o BC entendeu que precisava subir juros, subiu rápido e antes”, disse.
Projeção para o ano é menor
Após o prognóstico positivo deixado pelo IPCA-15 de maio (0,51%), a projeção para a inflação oficial de 2023 voltou a cair no Relatório de Mercado Focus desta semana, que traz o resumo das expectativas do mercado sobre a economia.
A expectativa para o índice de inflação oficial (IPCA) deste ano no Boletim Focus cedeu de 5,8% para 5,71%. Para 2024, a projeção mostrou manutenção em 4,13% após quatro semanas de queda. Apesar do novo recuo, a mediana para a inflação oficial em 2023 ainda está por volta de 1 ponto porcentual acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato do Banco Central.
Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3%), mas ainda dentro da meta do BC (que vai até 4,5%). A projeção para a alta do PIB neste ano subiu de 1,2% para 1,26%.