O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que o IPCA-15 de maio “veio melhor” e trouxe uma “surpresa grande” no segmento de vestuário e nos núcleos de inflação.
“O dado de fato veio melhor, com surpresa grande em vestuário e os núcleos de inflação vieram melhores. A gente tem dito que a inflação tem melhorado em ritmo lento. Mas vemos vários sinais positivos à frente”, disse em entrevista à GloboNews.
O presidente do Banco Central citou a situação hídrica, com impacto nas tarifas de energia — que agora estão em bandeira verde. Apontou também os alimentos, com a queda das commodities. “No atacado está caindo e uma hora chega no varejo”, disse.
Apesar das altas dos alimentos, dos planos de saúde e dos medicamentos, a prévia da inflação oficial no país desacelerou em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) caiu de 0,57% em abril para 0,51% neste mês, o porcentual mais baixo desde outubro de 2022, como divulgado ontem pelo IBGE.
O resultado ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta entre 0,48% a 0,72%, com mediana de 0,65%. A taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses desacelerou de 4,16% em abril para 4,07% em maio, completando assim 12 meses seguidos de redução.
Roberto Campos Neto comprometeu-se a fazer pesquisas frequentes com empresários para captar o pulso da economia real. A ideia é fazer um novo indicador para monitorar as expectativas do ponto de vista das empresas. O Banco Central hoje capta as expectativas de mercado por meio do Boletim Focus, pesquisa coletada apenas com representantes do mercado financeiro.
Em almoço organizado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Campos Neto acenou ao grupo de 14 empresários que participaram do encontro, que começaria a fazer a pesquisa com outros grupos de empresas e não apenas com empresas do setor financeiro.