Em uma entrevista ao Valor Econômico, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, enfatizou a necessidade do Brasil demonstrar um compromisso sólido com as contas públicas, destacando a importância da contenção de gastos para diferenciar-se positivamente dos demais países emergentes e evitar um agravamento das expectativas. Almeida ressaltou que o humor do mercado está rapidamente azedando, o que reflete a sensibilidade das expectativas do mercado em relação ao desempenho fiscal no Brasil e à taxa de juros nos Estados Unidos.
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou uma nova meta de resultado primário zero para o próximo ano, uma redução em relação à meta anterior de superávit de 0,5% do PIB. Esse ajuste fiscal mais moderado, combinado com as expectativas de que as taxas de juros permanecerão elevadas por mais tempo no exterior, contribuiu para um aumento expressivo do dólar, ultrapassando a marca de R$ 5,20, e para projeções de taxas de juros futuras indicando uma Selic acima de 10%.
Além disso, fatores internos como o conflito entre os poderes Executivo e Legislativo, as incertezas em relação ao comando da Petrobras e a falta de alinhamento entre os três ministros-chave do governo – Alexandre Padilha (Coordenação Política), Fernando Haddad (Fazenda) e Ruy Costa (Casa Civil) – também contribuíram para a deterioração das expectativas do mercado.
A situação atual apresenta um paradoxo: embora o desemprego tenha diminuído nos últimos meses, a economia tenha crescido e a renda média tenha aumentado, o governo, mesmo diante dessas boas notícias, perdeu popularidade. Este cenário reflete as complexidades e desafios enfrentados pela economia brasileira, que exigem medidas políticas e econômicas consistentes para restabelecer a confiança dos investidores e impulsionar o crescimento sustentável.