O primeiro leilão realizado no governo Lula realizado ontem, na sexta-feira (30) na Bolsa de São Paulo (B3), para construção e operação de 6,184 Km de linhas de transmissão de energia registrou deságio médio de 51% em relação ao preço estabelecido para a Receita Anual Permitida (RAP)
Foram licitados nove lotes de linhas e 400 MVA (megavolt-ampéres) em capacidade de transformação de subestações. Os investimentos totais previstos são de R$ 15,7 bilhões. Os lotes (com redes nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Sergipe) incluem 26 novas linhas de transmissão, três novas subestações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula que serão criados quase trinta mil empregos diretos durante o prazo de construção da linha, que varia de 36 a 66 meses, a depender da extensão de cada lote. Havia expectativa antes do leilão sobre a participação da Eletrobras.
A empresa disputou dois lotes (01 e 07). Sua subsidiária, Furnas, concorreu em três lotes (03, 04 e 09). Arrematou o lote quatro, em Minas. No leilão anterior, em julho do ano passado, outra subsidiária (Eletronorte) havia arrematado um trecho de linha, em Rondônia. A Eletrobras esteve afastada desses certames por quatro anos.
Para o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, o leilão de sexta-feira foi o maior já realizado pela agência até agora. No entanto, o segundo leilão deste ano, programado para o segundo semestre (31 de outubro) será ainda maior. Estão previstos investimentos de R$ 19,7 bilhões.
“No processo competitivo, conseguimos identificar as empresas mais eficientes, que conseguirão entregar um serviço mais barato e de maior qualidade. Os cronogramas serão exigidos”, disse. O diretor da Aneel lembrou os efeitos positivos da nova rede, como geração de impostos, mais empregos e a segurança na transmissão da energia gerada no Nordeste usando fontes renováveis (vento e sol). “A instalação de parques eólicos e solares tem transformado a região.”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acompanhou o leilão. Ao final, disse que o Brasil tem grande oportunidade no campo da energia limpa e pode avançar com o leilão. Em sua avaliação, o fato demonstra a credibilidade do Brasil e do governo. Para o ministro, o leilão tem capacidade de destravar centenas de outros investimentos nos estados beneficiados pelo empreendimento
Alexandre Silveira disse não acreditar que o deságio médio superior a 50% da RAP possa levar ao não cumprimento do contrato por vencedores do leilão. Para ele, o deságio e a ampla participação de grandes players só demonstram a confiança no Brasil.
“Há uma pré-qualificação, isso nos dá conforto em relação aos lotes, há um processo de garantia e temos o segundo, terceiro e quarto interessados (posição na disputa). Há segurança muito grande. A Aneel já tem larga experiência e o planejamento foi cuidadoso”.