A empresa chinesa Huawei preparou uma estratégia para evitar que o governo proíba a sua participação no leilão de 5G, previsto para acontecer no meio do ano, como fornecedora de equipamentos dessa tecnologia. O assunto precisa do aval do Tribunal de Contas da União (TCU) antes de a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgar o edital com as regras e a data do certame.
Em entrevista a O Globo de sexta-feira, o presidente da empresa no Brasil, Sun Baocheng, revelou estar confiante na decisão favorável à participação da Huawei na disputa. Seu argumento se baseia na Constituição brasileira, que determina mercado de livre competição. Baocheng avisa que se a empresa for barrada, a conta vai recair sobre o consumidor e o país terá até cinco anos de atraso no processo de digitalização.
Ele alertou que pretende recorrer à Justiça, caso a empresa sofra algum tipo de restrição: “A Huawei tem o direito de processar, se houver alguma restrição do governo. Isso é direito da empresa. Um mercado livre é importante para todos os investidores e para os operadores porque, sem restrição, haverá mais confiança. Mas acho que o governo não vai fazer nenhum tipo de restrição. Tenho confiança no país.”
Sobre as denúncias do governo Trump de que a Huawei fazia espionagem nos Estados Unidos, Sun Baocheng inverteu o raciocínio, dizendo que os americanos é que não conseguem fazer espionagem com os equipamentos produzidos pela empresa. Por isso querem tirá-la das redes. “Quem está fazendo espionagem são os Estados Unidos.”
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O executivo comentou que mantém boa comunicação com vários setores do governo brasileiro para transmitir informações importantes e esclarecer as dúvidas. “Aqui nunca tivemos problemas de segurança cibernética. Conversamos com o Ministério das Telecomunicações e a Anatel. Contribuímos com R$ 3,5 bilhões para o PIB e pagamos R$ 1,4 bilhão em impostos.”
Baocheng declarou que redes 4G da Huawei estão prontas para o 5G, bastando trocar de software. “Também estamos preparados para todas as novas frequências que serão leiloadas para o 5G no Brasil, conforme ocorreu em países da Ásia, como a China, e na Europa.” Ele contou que há planos de treinar mais de 30 mil talentos nos próximos cinco anos. “Estabelecemos mais de 20 centros de inovação com universidades no Brasil para desenvolver tecnologias como 5G, computação de nuvem e inteligência artificial para a indústria 4.0. Essas ações trazem retorno para a sociedade.”