Em novembro, contas externas tem saldo negativo de US$ 1,6 bilhão

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As contas externas do país tiveram saldo negativo em novembro de 2023, chegando a US$ 1,553 bilhão. Contudo, no mesmo mês de 2022, o déficit foi de US$ 1,674 bilhões. Isso nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países. Os dados foram divulgados, nesta quarta-feira (3), pelo Banco Central (BC).

O número é o menor déficit nas transações correntes para o mês novembro desde 2016. Naquele ano, o resultado negativo foi de US$ 879 milhões.

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A diferença na comparação interanual é resultado do superávit comercial, que aumentou R$ 2 bilhões, contribuindo para melhora do resultado. Em sentido contrário, houve aumento nos déficits em serviços, de US$ 921 milhões. Além disso, a rendas primária também teve aumento de US$ 640 milhões, e renda secundária, US$ 322 milhões.

Em 12 meses encerrados em novembro, o déficit em transações correntes foi US$ 33,655 bilhões, 1,56% do Produto Interno Bruto (PIB), ante o saldo negativo de US$ 33,776 bilhões (1,59% do PIB) no mês anterior, outubro de 2023, e déficit de US$ 49,906 bilhões (2,59% do PIB) no período equivalente terminado em novembro de 2022.

Já no no total de janeiro a novembro de 2023, o déficit é US$ 22,200 bilhões, contra saldo negativo de US$ 42,165 bilhões nos 11 meses de 2022.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, as transações correntes tem um cenário bastante robusto, com déficits decrescentes e baixos, principalmente em razão dos resultados positivos da balança comercial.

Balança comercial

As exportações de bens totalizaram US$ 28,104 bilhões em novembro do ano passado, redução de 1% em relação a igual mês de 2022. As importações somaram US$ 21,431 bilhões, queda de 9,6% na comparação com novembro de 2022. A balança comercial fechou com o superávit de US$ 6,673 bilhões em novembro. Antes o saldo positivo era de US$ 4,669 bilhões em novembro de 2022.

É o maior superávit comercial para o mês de novembro da série histórica do BC, iniciada em 1995. Houve redução no déficit em transporte e viagens e aumento em aluguel de equipamentos.

Contas externas e serviços

O déficit na rubrica de transportes passou US$ 1,488 bilhão em novembro de 2022 para US$ 934 milhões no mesmo mês de 2023, recuo de 37,2%. Mês a mês, a melhora vem sendo influenciada por gastos menores em fretes, que tiveram redução devido à queda nos preços internacionais, além de queda das quantidades importadas.

No caso das viagens internacionais, a conta vem em trajetória de recuperação, ainda que com o crescimento do déficit em patamares inferiores ao período antes da pandemia da covid-19. Entretanto, em novembro, o déficit na conta de viagens fechou o mês com recuo de 17,8%, chegando a US$ 527 milhões, ante déficit de US$ 641 milhões em novembro de 2022.

Foto: Divulgação/Midia News Campo Grande

As receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil cresceram 39,1% na comparação interanual. Os valores chegaram a US$ 616 milhões em novembro do ano passado, contra US$ 443 milhões no mesmo mês de 2022. As despesas de brasileiros no exterior passaram de US$ 1,084 bilhão em novembro de 2022 do ano passado para em US$ 1,143 bilhão no mesmo mês de 2023, aumentando em menor proporção, em 5,5%.

Além disso, as despesas líquidas com serviços de telecomunicação, computação e informações aumentaram. O número atingiu a marca de US$ 706 milhões em novembro de 2023. De acordo com Fernando Rocha, essa conta inclui principalmente remunerações de uso de softwares de grandes plataformas, pagos por empresas brasileiras para suas matrizes ou fornecedores no exterior.

Rendas

Em novembro de 2023, o déficit em renda primária registrou um aumento de 16% em relação ao mesmo mês de 2022. O número atingindo US$ 4,650 bilhões, em comparação aos US$ 4,010 bilhões anteriores. Além disso, esta conta normalmente apresenta um déficit devido aos maiores investimentos estrangeiros no Brasil. O que resulta na remessa de lucros para fora do país, em comparação aos investimentos brasileiros no exterior.

As despesas líquidas com juros cresceram de US$ 882 milhões em novembro de 2022 para US$ 1,014 bilhão no último mês. Quanto aos lucros e dividendos associados aos investimentos diretos e em carteira, o déficit foi de US$ 3,677 bilhões em novembro do ano passado, frente aos US$ 3,140 bilhões observados em novembro de 2022.

Quanto à renda secundária, que engloba doações e remessas de dólares sem contrapartida de serviços ou bens, registrou-se um déficit de US$ 24 milhões em novembro de 2023. Contudo, isso contrasta com o superávit de US$ 298 milhões registrado em novembro de 2022.

No financiamento, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) aumentaram ligeiramente. O valor atingiu US$ 7,780 bilhões em novembro de 2023. Já o IDP acumulado em 12 meses foi de US$ 57,718 bilhões em novembro de 2023.

Banco Central

O Banco Central prevê que os investimentos diretos no país alcancem a marca de US$ 60 bilhões em 2023, de acordo com o último Relatório de Inflação divulgado no final de dezembro. Para 2024, a projeção é que o IDP alcance US$ 70 bilhões.

Já quanto aos investimentos em carteira no mercado doméstico, novembro de 2023 registrou entradas líquidas de US$ 2,415 bi.  Sendo US$ 1,582 bilhão em ações e fundos de investimento, além de US$ 833 milhões em títulos de dívida. Além disso, nos 12 meses encerrados em novembro do ano passado, os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram US$ 13,6 bilhões.

O estoque de reservas internacionais alcançou US$ 348,406 bilhões em novembro de 2023, representando um aumento de US$ 8,159 bilhões em comparação ao mês anterior.

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