Desperdício com obras paradas chega a R$ 200 bilhões

A dificuldade do governo em planejar, executar e entregar suas maiores obras no tempo estipulado cobra uma fatura dos contribuintes que chega a R$ 200 bilhões. Com esse valor, seria possível cobrir dois terços do rombo anual da Previdência ou construir seis usinas hidrelétricas iguais à de Belo Monte (a maior hoje totalmente em território nacional).

Dados de um levantamento publicado pelo jornal O Globo na semana passada revelamos valores totais desembolsados pelo governo em 14 dos maiores empreendimentos federais, alvos, nos últimos anos, de investigação de operações policiais como a Lava-Jato. Esses dados foram obtidos com base em decisões do Tribunal de Contas da União.

Boa parte desses projetos, iniciados há mais de dez anos, ainda não foi concluída e está paralisada, gerando cada vez mais prejuízos. Vários fatores contribuem para o desperdício de recursos, entre os quais problemas na elaboração dos projetos, crise econômica, atualização de preços decorrentes de paralisações.

Pesaram também indícios de corrupção, que vão desde fraudes e direcionamentos de licitação a cobranças de propina em troca de financiamento eleitoral. Há duas subcomissões em funcionamento na Câmara discutindo a situação das obras paradas ou abandonadas nas quais foram investidos recursos públicos.

Alguns exemplos mostram o descalabro: a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, tinha orçamento calculado em R$ 11 bilhões em 2005. Hoje, o orçamento atinge R$ 76 bilhões e as obras não foram concluídas. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), cujas obras estão paralisadas, levou a uma diferença de R$ 35 bilhões entre projeção e realidade.

Nos dois casos, investigações apontaram que diretores da Petrobras, como Paulo Roberto Costa e Roberto Gonçalves, direcionaram a licitação para favorecer empreiteiras como Camargo Corrêa e Odebrecht.

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