A empresa espanhola Deole, gigante no setor de azeites com marcas como Carbonell e Bertolli, alertou para um dos momentos mais difíceis da história do mercado. Em declaração à emissora de TV americana, CNBC, o diretor de vendas Miguel Angel Guzman descreveu uma “tempestade perfeita” afetando o setor no últimos meses, resultado de alterações climáticas severas, aumento de preços, taxas de juros elevadas e uma inflação robusta.
Sendo assim, a Espanha, líder mundial na produção de azeite, enfrentou um calor histórico que reduziu drasticamente as colheitas das frutas, resultando em um aumento sem precedentes nos preços. Em janeiro, o preço do azeite extra virgem na Andaluzia atingiu um recorde histórico de € 9,2 por quilo, despencando para € 7,8 em abril devido às projeções de aumento na produção.
Analistas destacam ainda que as oliveiras, árvores das quais a azeitona é colhida, estão enfrentando sérios desafios com a crise climática. A seca e temperaturas extremas têm impactado severamente as plantações, comprometendo a oferta global do produto.
Além disso, houve um aumento nos roubos de azeite, com gangues visando o produto para revenda no mercado negro. Supermercados na Espanha reportaram o azeite como o item mais roubado em algumas áreas do país, exacerbando a crise.
Diante desse cenário, empresas do setor estão sendo obrigadas a considerar uma “transformação profunda” para se adaptar aos novos desafios. Segundo a Deoleo, os preços elevados na origem representam até 80% dos custos totais da produção.
Brasil diante da crise do azeite
Produtores brasileiros de azeite de oliva estão vislumbrando oportunidades causadas pela alta no mercado internacional. O Brasil, segundo maior importador global de azeite, obtém menos de 1% do consumo interno de sua própria produção.
O Rio Grande do Sul e a Serra da Mantiqueira são líderes na produção de azeite extra virgem de alta qualidade, reconhecido como premium. Além disso, entre 2018 e 2022, a produção gaúcha aumentou de 58 mil para 448,5 mil litros.