Em razão da peste suína que ocasionou uma crise de abastecimento em países asiáticos, a Arábia Saudita perdeu para a China a liderança dos embarques de carne de frango brasileira após oito anos à frente de todos. De janeiro a novembro, foram 429 mil toneladas compradas do Brasil (baixa de 1% ante igual período de 2018) pelo reino saudita, enquanto a China obteve 513 mil toneladas (alta de 28% na mesma comparação).
Emirados Árabes Unidos aparecem em quarto lugar nas exportações de frango, 316 mil toneladas (alta de 12%) – isso porque o país vem assumindo uma posição de centro de distribuição de produtos para a região do Golfo. Na nona posição está o Kuwait, com baixa de 7%, para 104 mil toneladas. No entanto, a fatia de mercado do Oriente Médio registrou uma melhora de 33,2% de janeiro a novembro do último ano para 34,5% no mesmo período de 2019. Desse modo, a Ásia passou de 34,3% para 37,2%.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, afirmou na última semana que a fatia de mercado de 37% para a Ásia é um passo gigantesco para o Brasil. A entrada forte da China, segundo Turra, já levou 14% das exportações do ano ao passo que a Arábia Saudita se assustou quando fez um movimento no início do ano visitando plantas, criando dificuldades e alegando produção própria.
Já o diretor de mercados e futuro presidente da ABPA, Ricardo Santin destacou que o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador de carnes halal do mundo – aquelas produzidas para consumidores muçulmanos. Segundo ele, o Brasil continua confortável nos mercados, mesmo com a diminuição da Arábia Saudita, que agora entra em um processo de estabilização. Contudo, Santin avalia que os países árabes devem sofrer efeitos correlatos da crise na China, pois uma parcela dos produtos destinados ao Oriente Médio pode ser desviada para os chineses. Ele acredita que o mercado árabe continua sendo o principal destino do frango brasileiro.
De acordo com a ABPA, parte dos embarques de frango que até 2018 seguia para a Arábia Saudita vai hoje para outros mercados: Emirados, Iêmen, Catar, Iraque, Omã e Bahrein e Afeganistão – mercado menos expressivo, que dobrou suas importações este ano.
De janeiro a novembro deste ano, as exportações de frango tiveram alta de 2%, com 3,822 milhões de toneladas embarcadas. Em receita, o crescimento foi de 6,1%, totalizando US$ 6,358 bilhões. Espera-se que até o final deste ano as vendas somem 4,2 milhões de toneladas, o que representa um volume 2,4% superior ao do ano passado. A produção de carne de frango deve subir 2,3% em 2019, totalizando 13,15 milhões de toneladas. Já o consumo per capita deve subir 2,2% em comparação ao ano passado, com 42,6 quilos per capita ao ano.
No que diz respeito às exportações totais de ovos, estima-se que atinjam 8 mil toneladas, valor 30% inferior ao desempenho de 2018, puxado pelo crescimento do consumo interno. Atualmente os Emirados Árabes são o maior comprador de ovos brasileiros. O Bahrein figura no sexto lugar, com 236 toneladas, o que representa uma alta de 32%; a Arábia Saudita está em sétimo, com 220 toneladas, baixa de 43% na mesma comparação.
Quanto ao material genético avícola, nota-se que a exportação de ovos férteis sofreu um decréscimo de 13% em volume e de 8,5% em receita ante 2018. As exportações somaram 11,96 mil toneladas, chegando a US$ 51,72 milhões. Os pintos de um dia também caíram 5,4% em volume, contudo, subiram 7,6% em receita de exportações. Já as importações totalizaram 953 toneladas, chegando a US$ 74,81 milhões. Senegal e Paraguai estão entre os maiores mercados de material genético avícola. Na terceira posição está a Arábia Saudita, com 2.004 toneladas, alta de 1% ante os primeiros 11 meses do último ano. Emirados Árabes figuram no quinto lugar, pois compraram 24% menos, totalizando 1.439 toneladas.
2020
A expectativa para o próximo ano, na avalição de Turra, é de que haja manutenção e possível crescimento para o mercado árabe por se tratar de um mercado que já está fidelizado. Santin, por sua vez, afirmou que a associação não fez projeções de países para o ano que vem, porém, o bloco de 22 países árabes segue sendo o maior cliente do Brasil depois do mercado interno.