O Banco Central (BC) expressou preocupação nesta terça-feira (6) com a alta do dólar e o impacto dos crescentes gastos públicos nas expectativas de inflação. A instituição destacou que o cenário atual é desafiador e que “não hesitará em elevar a taxa de juros para garantir a convergência da inflação à meta”.
Na reunião da semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC optou por manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, pela segunda vez consecutiva. A próxima reunião do comitê está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
Os membros do Copom ainda enfatizaram a necessidade de “ainda maior cautela e acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação”. Dessa forma, isso pode envolver manter a taxa de juros por um período prolongado ou, caso necessário, aumentar a taxa.
Em junho, a inflação do Brasil foi de 0,21%, influenciada principalmente pelos preços de alimentos e bebidas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,23% nos últimos 12 meses. A inflação de julho será divulgada na próxima sexta-feira (9).
Inflação fora da meta
Embora em queda, a inflação ainda supera a meta do BC de 3% para este ano, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. As expectativas do mercado para inflação de 2024 e 2025 são de 4,1% e 4%, respectivamente.
Para o horizonte relevante do BC, que é março de 2026, há um processo de desinflação em curso. No entanto, mesmo com a queda de juros, a inflação projetada para o primeiro trimestre de 2026 é de 3,4%. Com a Selic mantida, a projeção é de 3,2%.
Além disso, o Copom afirma que a política monetária brasileira não está vinculada à política norte-americana ou à taxa de câmbio. Ela depende dos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a inflação interna. “Diante de um cenário global mais incerto e de movimentos cambiais mais abruptos, o colegiado adota uma postura de maior cautela”, informou o BC.
Por fim, a taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial, medida pelo IPCA. Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom aumentou a Selic 12 vezes seguidas para conter a alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis.