A agência de classificação de risco Standard & Poor’s Global Ratings (S&P) elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB nessa terça-feira (19). A classificação ainda indica uma posição de “grau especulativo” na economia brasileira, mas aproxima o país de uma avaliação de “grau de investimento”.
O “grau especulativo” indica que o país ainda enfrenta incertezas em relação a condições financeiras. O Brasil já esteve nessa posição em 2018, quando a agência baixou a classificação de risco do país, durante o governo de Michel Temer (MDB).
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Na época, a S&P justificou o ajuste em razão do atraso nas reformas estruturais e das incertezas sobre a eleição. Reformas estruturais, crescimento econômico e cenário político estável foram também as razões para a agência retomar a nota de crédito do país para BB.
Entre as mudanças estruturais, a Reforma Tributária é um destaque. O anúncio da elevação na nota de crédito ocorre um dia antes da promulgação da emenda constitucional. Está prevista uma sessão solene do Congresso Nacional nesta quarta-feira (20) para finalizar a tramitação da matéria.
Além da Reforma Tributária, o relatório da agência cita as perspectivas de crescimento econômico melhores. A expectativa por um maior equilíbrio fiscal a partir de uma posição externa forte e uma política monetária adequada também influenciou a avaliação.
Política monetária e investimentos
A atuação do Banco Central (BC) também foi um fator decisivo para a melhora da nota de crédito no Brasil.
— A forte posição externa do Brasil, a taxa de câmbio flexível e o regime de política monetária baseado em uma estrutura de metas de inflação conduzida por um Banco Central autônomo apoia a nota — afirmou a instituição.
No entanto, a agência alerta que a previsão de crescimento ainda é baixa e a situação fiscal fraca limita a qualidade de crédito do Brasil. Segundo a empresa internacional, a classificação pode regredir nos próximos dois anos se o equilíbrio fiscal não for alcançado com a implementação das políticas públicas no país. Com isso, o nível de endividamento será maior que o esperado e o crédito se tornará mais arriscado no país.
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Para evitar a regressão e continuar em direção ao grau de investimento, as reformas estruturais e microeconômicas aprovadas recentemente precisam ter impacto na economia do país, com melhora na trajetória de crescimento econômico de longo prazo.
Com a mudança da avaliação da S&P, as três maiores agências de classificação de risco do mundo colocam o país a dois passos de alcançar o grau de investimento. Além da S&P, as agências Fitch e Moody’s já classificavam o país nesse grau de especulação.
Tesouro comemora nota de crédito
Em nota, o Tesouro Nacional afirmou que o anúncio da S&P confirma a melhora da trajetória da nota de crédito diante da continuidade dos esforços empreendidos pelo governo para promover as reformas necessárias ao país e à consolidação fiscal.
— A elevação do rating pela S&P evidencia que estamos no caminho certo, com medidas corretas que estão colocando o país na rota do desenvolvimento econômico e social sustentável — afirmou o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.
Ministros avaliam alteração do risco de investimento
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), celebrou a atualização do risco de investimento no país e creditou a mudança à harmonia entre os poderes.
— Penso que a S&P estava aguardando o desfecho das reformas. Preciso salientar que quando há harmonia entre Poderes, quando se unem em torno de uma causa, para colocar ordem nas contas, garantir orçamento, quando o país tem projeto, as agências percebem que há coordenação em torno de objetivo maior — disse Haddad em entrevista na terça-feira (19).
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O ministro ainda aproveitou para questionar os motivos do Brasil ainda não estar em um grau de investimento ao invés do grau de especulação.
— Nunca me conformei de o Brasil não ter grau de investimento. Porque um país que não deve um tostão em moeda forte, que tem mais de US$ 300 bilhões em caixa, não pode ter grau de investimento? Tem que ter grau de investimento” — declarou o ministro.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, acompanhou a comemoração da elevação da nota da dívida do governo brasileiro. Segundo ela, a decisão mostra que o país está no rumo certo.
— A elevação da nota de crédito do Brasil por mais uma agência de risco confirma que o País está no rumo certo. Entre tantas boas medidas, importante ressaltar a parceria do governo do presidente Lula com o Congresso Nacional, que garantiu a aprovação da reforma tributária, após 35 anos — escreveu a ministra em seu perfil na rede social X, antigo Twitter.
Por que a nota de crédito importa?
A nota de crédito do país reflete a solidez e a saúde das finanças do país, indicando aos investidores sua capacidade em honrar com seus compromissos financeiros ao longo do tempo.
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Quanto maior é a classificação, mais confiável o país é para obter crédito no setor financeiro internacional. Com a mudança na S&P, o Brasil busca agora o selo de qualidade de bom pagador para atrair mais investimentos. Com a melhora da nota, o país fica a apenas dois degraus do grau de investimento.