Valor dos dividendos pagos pela Petrobras gera reação no governo e na direção da empresa

Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Um dia após a Petrobras anunciar o pagamento de R$ 35,8 bilhões em remuneração a seus acionistas, como resultado do lucro recorde anual, os dividendos distribuídos pela empresa foram alvo tanto do presidente Lula quanto do novo dirigente da estatal, Jean Paul Prates.

Prates defendeu “flexibilizar” a distribuição de dividendos; Lula foi mais explícito. Disse que a distribuição do lucro poderia ser reduzida à metade, para que os outros 50% fossem aplicados em investimentos. Uma parte significativa dos dividendos da empresa, na casa de 37%, vai para o caixa do governo, contribuindo para melhorar o resultado fiscal, o que ajuda a reduzir o risco Brasil e abre espaço para juros menores.

Em entrevista coletiva ontem, o presidente da Petrobras defendeu mudanças na política de preços e de dividendos da empresa. A companhia registrou lucro recorde de R$ 188,328 bilhões em 2022. “Sempre tenho dito que política de preços é do governo. A Petrobras vai seguir preços competitivos conforme ela achar que deve ser para manter a sua fatia de mercado”, disse.

Para ele, a Política de Paridade de Importação (PPI) só garante ao concorrente posição mais confortável. “Pode ser uma política de preços transversal, de referência, conta de estabilização, monitoramento de estoques estratégicos. Não existe bala de prata. O PPI é uma abstração. O PPI parece que virou um dogma”, disse.

Para Jean Paul Prates, o PPI vai ser usado pelos concorrentes importadores. “Para a Petrobras, PPI deixa de ser único parâmetro. Vamos passar por discussão. Toda a empresa faz isso. O PPI vai vigorar para o importador e para quem quiser importar. Quem era interventor, era o governo anterior. O importador é meu competidor. Me obrigar a praticar o preço do concorrente, não faz sentido”.

Disse que o PPI não é paridade internacional e sim de importação. “A paridade internacional todo mundo segue. No mercado local, você tem outros critérios, como produção local, refinarias. O PPI é uma abstração. É uma referência. Podemos usar várias referências, no sentido de captar mercado, mais clientes.

 

“Perigosas indicações”

 

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante solenidade de lançamento do novo programa Bolsa Família, recebeu ontem mensagem do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, reclamando do que chama de “perigosas indicações” do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para o Conselho de Administração da Petrobras.

Gleisi não gostou da atitude do ministro, que derrubou as sugestões feitas pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para compor o colegiado e substituiu todos os nomes por apadrinhados do Centrão. Bacelar diz que, se essa situação não mudar, Lula perderá o controle da empresa. Ele pediu que a deputada consiga agenda com Lula na próxima semana, para discutir o assunto.

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