O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que espera “dois ou três meses de deflação” no Brasil. O fato seria decorrência da queda dos preços, por conta de medidas aprovadas pelo Congresso, como no caso do corte de impostos.
Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou queda de 0,68%, após ter registrado alta 0,67% no mês anterior. Com isso, o país registrou uma deflação – inflação negativa – a primeira depois de 25 meses seguidos de alta de preços.
De acordo com o presidente do BC, deverá haver nova queda de preços neste mês e a tendência poderá até mesmo ser registrada em setembro – completando, assim, três meses de redução da taxa de inflação.
A queda da inflação ocorreu após o corte de impostos sobre itens essenciais, como combustíveis e energia elétrica. Esses produtos por si só já impactam a inflação. Além disso, influenciam indiretamente os preços de outros itens.
A diminuição dos impostos, em ano eleitoral, foi uma estratégia adotada pelo governo e pelo Congresso. No entanto, apesar de segurarem a inflação em 2022, essas medidas pressionam os preços para 2023, conforme alertam economistas. Diante disso, o Banco Central já admite que o foco é controlar a inflação em 2024.
Ao participar via internet de evento realizado no Chile, Roberto Campos Neto afirmou que “neste ano, a inflação oficial vai ser ao redor de 6,5%, talvez um pouco menor. Não estamos celebrando intensamente, há trabalho a fazer. Esperamos dois ou três meses de deflação, muito impactada por energia e medidas (aprovadas no Congresso)”.
O presidente do Banco Central também voltou a citar o aumento de gastos, em ano eleitoral, e a incerteza sobre o que acontecerá no próximo ano, o primeiro de um novo mandato, como fator negativo para a credibilidade das contas públicas.