Após os atos do 7 de setembro, diversos partidos passaram a analisar a possibilidade de um apoio formal à abertura de um processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. Entre eles está o Solidariedade, comandado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP).
Em entrevista à Arko Advice, ele revela que o partido tem reunião marcada na próxima quinta-feira (15), quando deve oficializar uma posição. “A tendência, pelo que tenho visto, é a favor do impeachment”, adianta.
Para o deputado, o afastamento de Bolsonaro seria uma forma de acabar com a instabilidade do cenário político brasileiro. “Hoje a crise é o próprio presidente, é ele que derruba as bolsas, faz o dólar subir, faz a economia vir abaixo, então, para o bem do Brasil seria melhor fazer um processo rápido e retirar o Bolsonaro”, argumenta.
Leia a entrevista completa:
Qual é a posição do Solidariedade em relação ao impeachment?
Nós marcamos uma reunião da Executiva Nacional na próxima quarta-feira (15) às 10h. A tendência, pelo que tenho visto, é pelo impeachment. A partir de quarta, o partido terá uma posição oficial em relação ao assunto, que possivelmente será pela defesa do afastamento do presidente.
Como esses novos posicionamentos alteram o cenário geral em relação ao impeachment, uma vez que Arthur Lira ainda não deu sinais de que daria prosseguimento?
Acho que temos que aumentar a pressão. A ideia do partido tomar essa decisão é um pouco disso: aumentar a pressão sobre o presidente Arthur Lira. Outros partidos também devem tomar essa decisão. Estamos discutindo a possibilidade de fazer uma grande unidade nacional e ir para a rua com um conjunto de partidos, governadores, centrais sindicais e movimentos sociais. Com isso, a gente coloca para a população essa possibilidade de retirar o Bolsonaro para que o país possa voltar a crescer, se desenvolver e gerar emprego.
Sobre as manifestações do dia 12, decidimos liberar o nosso pessoal e incentivar as pessoas que queiram participar. Não só no dia 12, mas em todos os atos que tiverem contra o governo, pela democracia. Mas nós achamos que, para que possamos ganhar as ruas com muita força, precisamos de uma frente ampla com diversos partidos, centrais sindicais e movimentos sociais. Essas manifestações maiores seriam no começo de outubro e outra no dia 15 de novembro (proclamação da República).
Qual seria o efeito de um impeachment tão perto do ano eleitoral? Além disso, Mourão tem mais aceitação do que Bolsonaro?
Esse é um dos problemas que estamos enfrentando. Como um processo de impeachment não é rápido, isso leva alguns parlamentares a achar que o caminho é esperar 2022 para poder tirar o Bolsonaro. Vamos trabalhar para enfrentar também esse problema porque ninguém aguenta mais – vamos chegar em 2022 com o Brasil muito despedaçado.
No passado, quando o presidente viajava, as pessoas diziam que “a crise viajou”. Hoje a crise é o próprio presidente, é ele que derruba as bolsas, faz o dólar subir, faz a economia vir abaixo, então, para o bem do Brasil seria melhor fazer um processo rápido e retirar o Bolsonaro.
Como o Solidariedade se apresenta para 2022? Deve apoiar algum candidato?
Nós não temos opinião sobre isso ainda. A nossa única definição até agora é que não vamos apoiar Bolsonaro. Por mim, nós apoiaremos o Lula, mas essa é uma discussão que o partido vai ter que fazer mais próximo das eleições. Mas acho que há uma tendência muito grande de apoio ao ex-presidente Lula.
Nenhum partido vai ter unanimidade em quem apoiar, a não ser o próprio PT. Provavelmente, teremos parlamentares em determinados estados que vão preferir apoiar outro candidato, mas o que interessa é a decisão partidária. Apoios individuais não significam uma defecção no partido – é uma coisa mais ou menos natural que acontece no Brasil, por conta das relações de cada parlamentar.
O clima ruim entre os poderes pode afetar as pautas governistas na Câmara?
Eu acho que as pautas do governo vão ter muita dificuldade daqui pra frente, como a PEC dos Precatórios e a reforma administrativa. Já as pautas de interesse do Brasil não devem ter dificuldade. Câmara e Senado devem funcionar normalmente, mas com uma pauta que não seja do governo. É o caso da reforma política: como o Congresso tem interesse em aprovar, com certeza será aprovada.