Para Meirelles Banco Central acertou ao utilizar comunicação mais dura sobre taxa de juros

O secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, fala durante o seminário “Como resolver a crise dos Estados”.

Henrique Meirelles ocupou a função de presidente do Banco Central durante os dois primeiros mandatos de Lula e nos dois anos de governo de Michel Temer esteve à frente do Ministério da Fazenda. Atualmente trabalha no setor privado, após conduzir a Secretaria da Fazenda na última administração do governo paulista.

Ele avalia como acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de utilizar uma comunicação mais dura no contexto atual de desancoragem das expectativas inflacionárias e de discussões levantadas pelo governo sobre as metas de inflação, como afirmou em entrevista ao jornal Valor.

Em relação às críticas do presidente Lula direcionadas à direção do Banco Central, Meirelles afirmou que a pressão por juros mais baixos, do ponto de vista de um presidente do BC, é usual. Lembrou que, durante seu mandato à frente da instituição, os pedidos por uma política mais frouxa vinham de diversos agentes.

Mas Henrique Meirelles vê como contraproducente a discussão sobre a alteração das metas de inflação e acredita que o nível atual, ao redor de 3%, está alinhado às práticas internacionais de países emergentes.

Para ele, cabe ao governo aprovar uma reforma administrativa, dar mais transparência à trajetória fiscal por meio de uma âncora crível e reforma tributária que simplifique a cobrança de impostos para que o Brasil volte a crescer de maneira sustentável.

Disse que “a situação de pressão sobre a taxa de juros, com pessoas querendo que a taxa seja mais baixa, é normal. É algo que o BC tem que enfrentar de forma natural, usual. No meu tempo, por exemplo, havia pressão de todos os lados”, disse

Para a direção do Banco Central, o pacote anunciado em janeiro pelo ministro Fernando Haddad, “atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”. Mas lembrou que “será importante acompanhar os desafios na sua implementação”.

As medidas ainda precisam passar pela aprovação do Congresso. Na segunda-feira, Haddad disse que o comunicado inicial do BC depois da decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano poderia ter sido “mais generoso” com as medidas já anunciadas pela equipe econômica.

A ata da reunião do Copom da semana passada citou que a discussão sobre a mudança das metas de inflação pode ter afetado o humor do mercado, que passou a considerar taxas mais altas a longo prazo.

 

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