Um dos partidos mais presentes na história da política brasileira desde a redemocratização pode, pela primeira vez, vir a assistir à corrida presidencial como espectador. Criado em 1988, o PSDB concorreu a todas as eleições ao Palácio do Planalto e realizou um feito histórico quando se tornou o único partido a vencer o pleito em primeiro turno – o que aconteceu em 1994 e 1998, com FHC.
Competitiva, a sigla esteve em quatro disputas no segundo turno: em 2002, 2006, 2010 e 2014. Em 2018, sua pior campanha, amargou 4,76% dos votos válidos. Em 2022, nos anais do partido deve-se destacar a maior crise da legenda. João Doria, até então o nome do PSDB, foi rifado por boa parte do tucanato, após um investimento de R$ 11 milhões nas prévias que o escolheram. Sem saída, ele jogou a toalha.
Rachado, seja em torno de nomes, ideias ou caminhos a seguir, o PSDB terá de, nos próximos dias, decidir um rumo. Uma das saídas é apoiar a senadora Simone Tebet, candidata pelo MDB. Parlamentares ouvidos pelo Brasilianista avaliam que, hoje, esse é o caminho mais provável no tucanato. A percepção é de que a aliança não atrapalharia as candidaturas estaduais, já que Simone, ao contrário de Doria, não apresenta rejeição alta nas pesquisas, o que, em tese, não complicaria a candidatura dos parlamentares.
Além disso, mesmo que apoie Simone formalmente, o PSDB não pretende despender recursos para isso, o que permitiria destinar mais dinheiro do fundo à campanha de deputados e senadores. Há ainda uma ala do partido que passou a defender que esse apoio seja condicionado à performance da senadora. Ou seja, caso Simone não decole até as convenções partidárias, o PSDB estaria fora.
Mas há um movimento interno para que o PSDB lance, sim, um nome ao Palácio do Planalto. O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o senador Tasso Jereissati são os mais cotados. A ala liderada por Aécio Neves insiste na candidatura do gaúcho, embora Leite já tenha indicado que pretende investir na disputa estadual – projeto que ganhou força após ser acusado de tentar ocupar o posto que pertencia a João Doria como pré-candidato.
Exatamente para evitar novos problemas, outra parte do PSDB aposta na serenidade que a candidatura do senador Tasso Jereissati poderia representar nas eleições. Sem estimular uma nova crise interna, o partido manteria a tradição de levar um candidato presidencial às urnas. Sabe-se que não há chances de se repetirem os bons feitos do passado, mas se evitaria esse ponto de inflexão na história dos tucanos.