O fator Ciro – Análise

Foto: Reprodução/ Twitter/@cirogomes

O próximo lance da sucessão presidencial deve ser o aumento da pressão, sobretudo por parte do PT, para que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) desista de concorrer ao Palácio do Planalto. Se, por um lado, é verdade que Ciro encontra dificuldade para crescer, seja à esquerda, seja à direita, por outro, também é verdade que Ciro se transformou numa peça estratégica da sucessão, principalmente porque a manutenção de sua pré-candidatura dificulta, por exemplo, uma vitória do ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno.

Vale registrar que, ao observarmos o histórico das votações nas eleições em que Ciro foi candidato à Presidência, notamos uma convergência em sua performance. Em 1998, quando concorreu pelo PPS, ele conquistou 10,97% dos votos válidos. Em 2002, ao disputar a eleição presidencial novamente pelo PPS, obteve 11,97%. E, na disputa de 2018, quando concorreu pelo PDT, atingiu 12,47%.

As votações obtidas por Ciro nos primeiros turnos das eleições de 1998, 2002 e 2018 – entre 10% e 12% dos votos válidos – convergem com os percentuais que ele apresenta hoje nas pesquisas. Neste momento, o ex-ministro conta com cerca de 8%. Considerando os votos válidos, ele teria em torno de 10%.

A existência de um eleitor cirista explica a pressão que o PT faz nos bastidores sobre Ciro Gomes. Outro aspecto interessante a ser mencionado é que, de acordo com o Datafolha, entre os eleitores de Ciro 37% têm Lula como segunda opção de voto. Apenas 10% dos eleitores de Ciro têm Bolsonaro como segunda alternativa de voto.

Por enquanto, o cenário mais provável é a manutenção de Ciro na disputa, pois interessa tanto ao ex-ministro quanto ao PDT provocar o segundo turno para se valorizar nas negociações. Num hipotético segundo turno entre Lula e Bolsonaro, a tendência é o apoio do PDT a Lula. No entanto, a posição de Ciro é uma incógnita. No segundo turno de 2018, por exemplo, Ciro viajou para Paris e só retornou após as eleições. Mesmo assim, praticamente todo o eleitorado cirista migrou para Fernando Haddad (PT).

Tanto Jair Bolsonaro quanto a terceira via torcem pela continuidade de Ciro Gomes no páreo, já que, como forma de resistir às pressões do PT, Ciro tende a intensificar os ataques a Lula. Assim, Ciro pode ser o fiel da balança sobre a eleição vir a ter um ou dois turnos.

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