O ministro do TCU Augusto Nardes pediu afastamento da função, após vazamento de um áudio em que insinua golpe militar para impedir a posse de Lula. As declarações causaram forte indignação no Congresso e nos tribunais superiores.
Ele apresentou na noite de ontem (segunda-feira) seu pedido de licença, como forma de esfriar o caso que provocou inúmeras reações nas redes sociais. A decisão de Augusto Nardes não deverá livrá-lo de ser investigado pelo teor de suas palavras. Em áudio, Nardes disse haver um “movimento muito forte nas casernas” e previu um “desenlace bastante forte na nação”.
Ontem, o ministro tentou se retratar e disse que “repudia peremptoriamente manifestações de natureza antidemocrática e golpistas”. Mas não convenceu e ele continuou a ser pressionado para se afastar no cargo.
Parlamentares pediram ao TCU que o ministro seja investigado por infração disciplinar na corregedoria do tribunal. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que entrará com pedido no TCU solicitando a aposentadoria compulsória de Nardes ou a sua disponibilidade, por violação disciplinar.
O ministro também deve ser convocado a se explicar na Câmara e no Senado. Ex-deputado pelo PP-RS, Nardes ganhou notoriedade em 2015 como relator das chamadas pedaladas fiscais no TCU. Seu parecer serviu de base formal para o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Mais tarde, o ministro seria citado nas operações Lava-Jato e Zelotes, sob suspeita de receber propina. Ele negou todas as acusações, e conseguiu arquivar os inquéritos no STF.