Em seu primeiro discurso como ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (02) que o governo “não aceitará” o déficit previsto para a economia brasileira em 2023 e trabalhará para reduzir o impacto negativo nas contas públicas. “Não aceitaremos um resultado primário que não seja melhor do que os absurdos R$ 220 bilhões de déficit previstos no Orçamento para 2023”, declarou.
O orçamento de 2022, aprovado pelo Congresso, elevou de R$ 63,7 bilhões para R$ 231,5 bilhões a previsão para o rombo das contas do governo em 2023. O aumento na estimativa de rombo das contas públicas incorpora os efeitos da PEC da transição, que abriu espaço no orçamento para essas despesas por meio da alteração da regra do teto de gastos.
A PEC liberou R$ 145 bilhões em despesas dos ministérios no ano que vem, além de mais recursos para investimentos. Além dos efeitos da PEC da transição, Haddad afirmou que o aumento do déficit orçamentário em 2023 também estaria relacionado com medidas eleitoreiras adotadas pela gestão Jair Bolsonaro durante as eleições do ano passado.
“Com objetivo exclusivamente eleitoreiro, acabaram com filtros de seleção de beneficiários dos programas de transferência de renda, comprometendo a austeridade desses programas. O ministro disse que houve pedido da equipe econômica do ex-presidente Jair Bolsonaro para retirada de dois milhões e meio de pessoas “que eles incluíram indevidamente no cadastro do Bolsa Família”.
O ministro da Fazenda também fez referência ao antigo ocupante da pasta, Paulo Guedes, que concentrava poderes e era chamado de “posto Ipiranga” na Economia. “Éramos o posto Ipiranga, agora somos uma rede de postos. É muito ruim concentrar todos os ovos numa cesta, o que foi feito. Queremos agir colegiadamente”, disse.
Em mensagem ao mercado financeiro, Fernando Haddad, defendeu a manutenção do diálogo e afirmou que não existe “mágica nem malabarismos financeiros”. Garantiu que buscará “harmonização” entre a política fiscal e monetária, conduzida pelo Banco Central.