Haddad alerta sobre inflação a longo prazo

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçou a convicção do governo de que os juros precisam continuar caindo em 2024 para evitar uma inflação por oferta e incentivar os investimentos no país.

“O remédio para continuar combatendo a inflação é reduzir os juros, por incrível que isso possa parecer”, comentou Haddad. “Nós temos que parar de entender isso como uma crítica à autonomia, ao presidente do Banco Central”, afirmou.

Segundo Haddad, a queda de investimentos foi a principal causa para a manutenção da taxa de juros em um patamar acima do esperado pelo governo.

“O juro está caindo e vai cair mais. Tem que cair mais”, afirmou Haddad ao justificar que as variáveis não oscilaram negativamente ao longo do ano. “A única coisa que caiu foi a formação bruta de capital (FBCF). Isso obviamente tem a ver com a política monetária que quis trazer a inflação para dentro da banda rapidamente”, comentou.

Apesar do objetivo de trazer a inflação para dentro da margem da meta, Haddad alerta que, se os juros não caírem em um ritmo mais acelerado, o Brasil pode sofrer com um processo inflacionário a médio ou longo prazo em razão da falta de oferta.

“A partir de um determinado ponto, o remédio vira veneno. Porque se você constranger a oferta, você vai ter problemas de inflação pelas avessas. Se você não aumentar a oferta e o hiato ficar apertado, você não vai ter oferta para atender à demanda”, comentou.

Posição do BC

Na quinta-feira (21), em entrevista coletiva, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a taxa de investimentos deve melhorar à medida que os juros de longo prazo tendem a cair.

“Esse juros [de longo prazo] que é relevante para o investimento mostrou uma queda compatível com um tempo atrás, quando a Selic estava bem mais baixa do que está hoje”, afirmou Campos Neto ao citar o fechamento dos juros, na quarta-feira (20), em 9,68% para 2027.

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Ainda assim, o presidente do Banco Central informou que a autarquia segue atenta às oscilações que podem causar um processo inflacionário a longo prazo.

“É óbvio que isso tem um impacto acumulativo e a gente precisa ver qual é o impacto cumulativo destes juros de longo prazo na taxa de investimento. Então, sim, tem um impacto na taxa de investimentos e tem também um impacto no consumo, mas eu diria que a taxa de investimentos está mais ligada aos juros longo do que aos juros curto. Isso tem caído e tende a melhorar”, explicou.

Quanto ao corte de juros, o presidente do BC afirmou que o corte de 0,5% na Selic deve ser mantido nas próximas reuniões. No entanto, Campos Neto confirmou que a política contracionista não deve ser interrompida.

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“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não só o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, comentou.

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