O segundo semestre começou, de fato, com o retorno do Congresso e do Judiciário. A previsão é de um período agitado com peso suficiente para interferir no quadro sucessório de 2022. Justamente por isso, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. O governo tem alguns riscos pela frente. Um deles será o hidrológico, com impacto no preço da energia e, naturalmente, na inflação. Outro virá do Legislativo, já que a CPI da Pandemia no Senado deve continuar motivando noticiário negativo para o governo. A expectativa é que o parecer do senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja duro, em especial com Bolsonaro.
A ida de Ciro Nogueira, presidente do PP, para a Casa Civil pode ajudar a conter a tensão política a partir da melhora no relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo. E deve ajudar no avanço de temas cruciais para a agenda legislativa do governo, caso da Reforma Administrativa e de parte da Reforma Tributária. Outros temas, regulatórios, são a BR do Mar, o limite de teto salarial para o funcionalismo público, o novo marco cambial, o licenciamento ambiental, a privatização dos Correios, entre outros. O andamento dessas pautas pode gerar repercussão positiva no mercado.
Renan Calheiros deve sugerir a abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro
O governo aposta em dois outros movimentos para recuperar sua popularidade, que sofreu queda significativa no primeiro semestre. Primeiro, com o avanço da vacinação e a consequente retomada da atividade econômica. Segundo, com o lançamento de um novo programa social, previsto para substituir o Bolsa Família. O aumento que pode vir a ser liberado no valor do benefício — fala-se em pelo menos 50% — deve contribuir para melhorar o desempenho da economia, em especial quanto ao consumo.
No segundo semestre espera-se, ainda, a confirmação ou não da presença de alguns potenciais candidatos presidenciais na disputa de 2022. No PSDB, as prévias estão marcadas para novembro. Quatro nomes estão hoje no páreo: os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador, Tasso Jereissati (CE), e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. O ex-ministro Sérgio Moro, que tem convite do Podemos, pode anunciar sua decisão. O PSL espera poder contar com o apresentador de TV José Luiz Datena, enquanto o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta negocia apoio do DEM. O PSD continua estimulando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a se candidatar. A proliferação de candidaturas de centro favorece a polarização entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).