Brasil está no “pior momento de inflação”, avalia Campos Neto

Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

O presidente do Banco Central afirmou que responsabilidade social é do governo, não do órgão que chefia

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou que a atual inflação é a pior da história recente. As declarações foram dadas em audiência pública promovida na terça-feira (31) pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.

Durante a sessão, Campos Neto deu um panorama geral sobre o cenário econômico e afirmou que “grande parte do país está no pior momento recente de inflação”. O economista atribuiu os altos índices a fatores externos como a pandemia de covid-19 e a guerra entre Ucrânia e Rússia.

O presidente do BC avaliou ainda que o choque de commodities é positivo para o Brasil, país exportador dos produtos. Mas ponderou que apesar do maior lucro nas vendas, o aumento do valor no mercado exterior também traz consequências sociais, uma vez que gera inflação nos preços da energia, combustíveis e alimentos.

“Imagina se não fôssemos exportadores de commodities. Se fôssemos importadores, o choque seria negativo duas vezes. Eu teria um problema no tecido social e teria um problema que eu sou importador de algo que está subindo de preço, então eu fiquei mais pobre. O Brasil está do outro lado da equação, está ficando mais rico com o choque de commodities. Mas tem um problema do outro lado que precisa ser endereçado”, explicou.

Reajuste de servidores

Questionado sobre o reajuste salarial do funcionalismo público e a greve dos servidores do BC, Campos Neto afirmou que mantém conversas com os prestadores em paralisação do órgão, mas reforçou que há limitações no Orçamento.

“Ficamos de endereçar pautas não pecuniárias e estamos avançando nisso. Defendi que se houvesse desalinhamento com outras carreiras e buscaria alinhamento para os servidores do BC. Mas quem tem a caneta e pode decidir isso é o governo. Gostaria de ter alguma autonomia não apenas de atuação, mas também administrativa para ter uma melhor política de remuneração do BC”, esclareceu.

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