Em videoconferência realizada nesta quarta-feira (25) entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores da região Sudeste, Bolsonaro e João Doria tiveram um embate em relação à postura do Governo Federal para combater a crise do coronavírus. Bolsonaro havia criticado as medidas globais como o fechamento de escolas e comércio. Na mesma fala, chamou o isolamento de exagero e culpou a imprensa de causar “histeria”. No mundo, são quase 20 mil mortes causadas pela doença.
Doria proferiu uma fala de seis minutos a Bolsonaro, onde lamentou o pronunciamento contrário às medidas de isolamento e afirmou que “sem diálogo não venceremos a pior crise de saúde pública da história de nosso País. […] O senhor, como presidente da República, tinha que dar o exemplo. Tem que ser um mandatário para comandar, para dirigir e para liderar o País e não para dividir”.
O governador de SP disse ainda que a prioridade dos quatro governadores presentes “é salvar vidas”. Completou afirmando que a necessidade de preservar empregos e o mínimo para que a economia possa se manter ativa é de consciência dos estados e governadores, de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde.
Bolsonaro rebateu as críticas afirmando que o tucano não tem autoridade para criticá-lo e que Doria aproveitou-se do seu nome “para se eleger governador”. O presidente afirmou que não aceita “de forma nenhuma” as palavras “levianas” de Doria. “Não aceitamos demagogia barata”, completou.
Após a reunião, Doria escreveu nas redes sociais sobre a resposta de Bolsonaro. “Presidente, no nosso estado temos 40 mortos por Covid-19, dos 46 [mortos] em todo o Brasil. São pessoas que tinham RG, CPF, e familiares que continuarão sentindo sua falta. Não são mortos de mentirinha, presidente. E essa não é apenas uma ‘gripezinha”. O número de mortos no Brasil subiu para 48 e há 2.281 casos confirmados da doença, de acordo com o Ministério da Saúde.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES), criticou a postura de confronto adotada pelo presidente durante a reunião e afirmou que irá seguir o protocolo de quarentena no estado.
Com informações da Folha de S. Paulo, O Estadão e G1.