A próxima legislatura na Câmara, a partir de fevereiro do próximo ano, terá mudança no quadro partidário, com a redução do número de agremiações para 19, como não se via desde 2002. Os pequenos partidos buscarão a união entre si para não perderem recursos do Fundo Partidário e tempo nos programas gratuitos na televisão.
Os grandes partidos querem aumentar ainda mais seu peso no jogo de poder, influindo na votação de projetos estratégicos para o governo. Normas como a cláusula de barreira e o fim das coligações proporcionais, além da concentração de força política em número menor de partidos, estimularam esse enxugamento.
Em 2018, a legislatura que se iniciava contabilizava 30 partidos. Como resposta imediata a esse novo retrato, as partir de 2023, as agremiações deram início a uma temporada de fusões.
Ao final da semana passada, o Solidariedade e o PROS decidiram se fundir e formar novo partido, que manterá o nome Solidariedade.
A mais importante dessas conversas, contudo, foi iniciada entre dois grandes partidos para aumentar o poder de influência. PP e União Brasil podem construir nova agremiação que será a fiel da balança para a governabilidade.
Essa união interessa à ala bolsonarista do União e a caciques do PP como Ciro Nogueira (PI) e Arthur Lira (PP-AL), que pretende ser reeleito presidente da Câmara. Se a fusão avançar sem nenhuma desistência, o novo partido teria 106, das 513 cadeiras da Câmara, retirando do PL (99 deputados eleitos neste ano) o posto de maior legenda da casa.
Avanço do “Centrão”
Os partidos que compõem o Central deixaram sua marca além do Congresso. Essas legendas que hoje dão sustentação ao governo Jair Bolsonaro (PL), vão controlar a partir de 2023 mais da metade das cadeiras nas Assembleias Legislativas e da Câmara do Distrito Federal.
Na comparação com 2018, o primeiro turno das eleições deste ano registrou aumento de 41% da bancada de deputados estaduais e distritais eleitos por PL, Progressistas, Republicanos, União Brasil, PSD, PSC, PROS, PTB, Patriota e Avante. Dos 1.059 deputados das 26 Assembleias Legislativas e da Câmara do DF, 537 foram eleitos pelo Centrão.