Duas novas propostas concorrem com a PEC da Transição da equipe de transição do novo governo

O senador Tasso Jereissati durante reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado para apreciar e votar as nove emendas apresentadas à proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019).

Duas novas propostas de mudança à Constituição foram apresentadas no Senado nos últimos dias relacionadas ao teto de gastos. Ontem, segunda-feira, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou uma PEC que eleva em R$ 80 bilhões, de forma permanente, o limite do teto de gastos a partir de 2023.

Ele chamou o texto da proposta de “PEC da sustentabilidade social”. Sua iniciativa A proposta do senador representa uma alternativa à PEC da Transição, que é negociada com o Congresso pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A proposta do senador Jereissati é a segunda que surgiu nos últimos dias como opção ao texto da equipe de transição, que prevê R$ 198 bilhões em despesas fora do teto em 2023.

A primeira foi divulgada pelo também senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), no fim da semana, prevendo tirar R$ 70 bilhões do teto no ano que vem. Essas iniciativas reforçam a ideia de que os detalhes da PEC da Transição terão de ser bastante negociados.

No texto proposto pelo senador Tasso Jereissati, a base de cálculo do teto seria reajustada, mas a âncora fiscal permaneceria em vigor – pelo menos até que o futuro governo apresente proposta de novo arcabouço fiscal para o país.

O senador informou que encaminhou sua proposta ao grupo de economistas da transição (André Lara Resende, Persio Arida, Nelson Barbosa e Guilherme Mello). “Mas eles não se dizem os responsáveis pela PEC da Transição”, afirma.

“Quem é o interlocutor? Com quem é que a gente vai falar? É com o Aloizio Mercadante, Wellington Dias ou Fernando Haddad? O Aloizio e o Haddad são muito diferentes. Então, estou tentando conversar aqui dentro do Senado”, disse. Tasso acrescentou que a PEC da Transição enfrentará dificuldades em sua tramitação no Senado.

Especialistas em contas públicas e parlamentares consideram exagerado o valor de R$ 198 bilhões fora do teto, assim como criticam a ideia de retirar o Bolsa Família em definitivo do limite de gastos, como prevê a proposta do governo, apresentada na semana passada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador do grupo de transição.

 

Falha na articulação

 

Senadores têm criticado o que consideram falta articulação política da equipe de Lula na PEC da Transição. Um deles, sob reserva, disse que os petistas parecem querer “aprovar o texto por osmose”, ou seja, sem se mexer. Líderes afirmam que não foram procurados, outros que não entendem o que o PT deseja.

“Até agora só soube que existe a PEC pela imprensa. Parece que é virtual”, disse Angelo Coronel (PSD-BA), partido que negocia a participação no futuro governo. O PT corre ainda o risco de não emplacar o relator da PEC, a ser escolhido por Davi Alcolumbre (União-AP).

O favorito é Alexandre Silveira (PSD-MG). Para aceitar a missão, entretanto, Silveira aguarda um sinal de Lula. A articulação da PEC foi iniciada por Wellington Dias (PT-PI), ex-governador do Piauí e senador eleito em outubro, em reunião com o relator da proposta de Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB), também do Piauí.

Postagens relacionadas

Câmara aprova PL que flexibiliza regras de licitações em casos de calamidade pública

Oposição apresenta a Pacheco pedido de impeachment de Moraes

Mercado financeiro eleva projeção de inflação e ajusta PIB para 2024

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais