A postura do secretário de Estado Mike Pompeo no Twitter logo depois dos ataques às refinarias de produção e processamento de petróleo na Arábia Saudita não deixa dúvida: no que dependesse dele os Estados Unidos já estariam em guerra com o Irã. Vale dizer, o ex-conselheiro de segurança nacional, John Bolton, iria pelo mesmo caminho. Em 2015, Bolton chegou a publicar um artigo intitulado “To Stop Iran’s Bomb, Bomb Iran” (algo como “Para interromper o projeto de bomba do Irã, é preciso bombardear o Irã”).
Prevaleceu, como vem prevalecendo há três anos, o encaminhamento de um presidente que faz questão de tocar de maneira personalista a sua administração.
Em meio a uma retórica por vezes de difícil digestão, o presidente americano nunca deixou de vender aquela que é considerada por ele próprio a sua maior qualidade: a do bom negociador. De alguém capaz de conseguir sempre os melhores acordos para os Estados Unidos. Não se trata, portanto, do clássico isolacionismo que durante tanto tempo permeou a política externa americana. Tampouco da disposição para ser o policial do mundo.
Trocando em miúdos, Washington não deve desafiar o Teerã para além do necessário. Preferencialmente, deve reforçar as sanções econômicas e isolar ainda mais o país. Caso fique comprovado o envolvimento nos ataques às refinarias, como apontam os sauditas e fontes do governo americano, quem sabe ataques pontuais sejam autorizados.
Além de sua natureza negociadora, Trump deve preservar outra questão que lhe é muito cara: a tentativa de reeleição em 2020. Afinal, para quem vem patinando nas pesquisas e começa a lidar com o fantasma de uma desaceleração econômica, uma guerra — acima de tudo em uma região do mundo que possa desestabilizar os preços dos combustíveis — não seria a melhor das estratégias.