É possível dizer que Donald Trump corre um risco considerável de ser afastado? Não. Seria no mínimo prematuro fazer tal afirmação. Contudo, o caminho para que isso aconteça ganhou contornos mais bem delineados nas últimas horas, com o depoimento do procurador-especial, Robert Mueller, chefe do gabinete criado exclusivamente para apurar a interferência russa nas últimas eleições americanas — e acima de tudo se houve envolvimento de pessoas ligadas à campanha republicana na conspiração.
“Se tivéssemos certeza de que o presidente não cometeu crime, teríamos dito isso”. Com essa simples frase, Mueller soterrou a narrativa adotada por Trump nos últimos meses de que o relatório o havia exonerado completamente de qualquer suspeita. E teve mais. O procurador também fez questão de dizer que responsabilizar o presidente criminalmente não era uma opção, uma vez que é vedado pelas normas do Departamento de Justiça, mas que a Constituição previa outro instrumento naquele caso específico.
Não usou o termo impeachment, mas a pressão para cima de Nanci Pelosi, presidente da Câmara e líder democrata, nunca foi tão grande no sentido de se dar o passo decisivo para o início do processo.
Em tempo: Pelosi reluta por saber que, embora a Câmara seja de maioria democrata, o Senado é republicano. Teme, portanto, que o processo empaque ali e o presidente deixe o episódio menos chamuscado em comparação ao que acontece agora.