Casos de mulheres autoras de stalking, como o de Kawara Welch contra um médico em Minas Gerais são mais raros. Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do governo federal, 76% das 5.105 denúncias desse crime recebidas de 2022 ao primeiro trimestre de 2024 pelos telefones Disque 100 e Disque 180 são contra homens. Por outro lado, as mulheres são a maioria absoluta das vítimas, representando 84% das denúncias, segundo a Ouvidoria.
As queixas à ouvidoria nacional representam apenas uma pequena parcela do fenômeno. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre 2021 — quando a lei que define o crime de stalking foi criada — e 2022 (último dado disponível), 84,7 mil mulheres foram vítimas do delito. Não há dados sobre os autores nem sobre crimes contra homens.
As denúncias à polícia também não refletem plenamente a extensão do problema. As vítimas frequentemente se sentem fragilizadas para denunciar, e mesmo a denúncia pode demorar a resolver o problema.
Por que as mulheres são mais frequentemente vítimas, e não autoras de stalking?
A normalização do ódio contra mulheres é um dos motivos pela prevalência de perseguição contra o gênero, afirma a pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Brandão.