O governo Lula (PT) celebrou, na semana passada, os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontaram um crescimento de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, ante o último de 2023.
Economistas acreditam que a combinação de alguns fatores teria impulsionado a renda e o consumo das famílias, impactando positivamente o desempenho do PIB, tais como: a queda da taxa de juros; o aquecimento do mercado de trabalho; o pagamento de precatórios; o reajuste de benefícios vinculados ao salário mínimo; e a continuidade de programas de transferência de renda.
Após a divulgação do resultado, o presidente Lula (PT) declarou que os números indicam que o Brasil “está no rumo certo”. Lula também celebrou o fato de o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetar que o Brasil será o 8º PIB mundial neste ano.
Apesar de o número positivo do PIB fortalecer a narrativa governista, vale ressaltar que o desempenho da economia no primeiro trimestre não deve alterar, por ora, a popularidade do presidente. Vale recordar que, mesmo com números positivos de crescimento e de emprego e baixa inflação, a aprovação do governo pouco se alterou nas últimas pesquisas. Ao contrário: a desaprovação cresceu.
Outro aspecto a ser considerado é que a economia ainda não sentiu o impacto da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, estado que tem, de acordo com o IBGE, um peso de 6,5% no PIB nacional. As enchentes no estado, além de impactarem a colheita de soja e arroz, interromperam a produção das fábricas locais. Sem falar no impacto fiscal das necessárias medidas de reconstrução. Somem-se a isso os problemas envolvendo o aeroporto de Porto Alegre, que, de acordo com a projeção da Fraport, concessionária que o administra, só deve ser reaberto em dezembro. O custo da reconstrução do aeroporto é calculado pela concessionária em R$ 1 bilhão.
Assim, diferentemente dos governos Lula I e II, a economia não deve ser suficiente para aumentar a popularidade do presidente, pois o PIB não deve registrar o elevado crescimento daquele período.
Além disso, há o desafio da pauta dos costumes, que mobiliza setores da sociedade e reverbera dentro do Congresso Nacional em função da força da polarização existente hoje no país, que, além de ideológica, é também afetiva e emocional.