Quadro da sucessão na Câmara – Análise

A divulgação de uma pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, a ser realizada no início do ano que vem, colocou a disputa definitivamente na rua. Os pré-candidatos passaram a admitir publicamente suas postulações, o que até então era discutido apenas em conversas reservadas.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pesquisa reforça algumas visões correntes na Casa. A principal é a de que o atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), será o eleitor mais importante do pleito. O levantamento aponta que, para 73% dos deputados, Lira terá forte influência na escolha do futuro titular da cadeira. Outra enquete indica que para 52% o próximo presidente será alinhado ao atual.

Entretanto, contrariando essa premissa, o candidato preferencial de Lira, o líder do União Brasil Elmar Nascimento (BA), não aparece na primeira posição. O líder do PSD, Antônio Brito (BA), é quem lidera a pesquisa, com 23%. Elmar surge na segunda colocação, com 15%, seguido pelo presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), com 13%, e pelo líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), com 10%.

Todos os citados transitam sob a órbita de Lira e se relacionam, em menor ou maior grau, com o governo federal, o que também dialoga com a percepção crescente de que o futuro presidente sairá de um acerto entre o comandante da Casa e o presidente Lula (PT).

É sabido nos bastidores que Arthur Lira busca uma composição com o Palácio do Planalto para a definição de seu substituto, e Lula terá peso na escolha. Levando-se em conta o consórcio Lira/Lula, os nomes relacionados na pesquisa se mantêm fortes no páreo. Contudo, não se descarta o surgimento de alternativas mais adiante.

Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

Há de se considerar também que a diplomacia interna possui grande influência no processo. Nesse sentido, o trato pessoal e a conquista da confiança dos pares são fundamentais para o sucesso dos postulantes. Pelas conversas nos corredores, pode-se delinear um perfil aproximado do que a maioria espera do próximo líder.

Os deputados querem alguém com posições firmes, como Arthur Lira, na defesa das competências e das prerrogativas da Casa (leia-se: a permanente busca junto ao governo do atendimento de pleitos orçamentários e outros, bem como a proteção ao mandato parlamentar). Mas não aprovam a adoção de posições radicais nem conflitos institucionais com outros Poderes. Também anseiam por menor centralização da agenda e das decisões na Casa. Em resumo: desejam um nome mais ao centro, que combine moderação com combatividade, além de previsibilidade.

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