Por que o Auxílio Brasil pode ajudar Bolsonaro – Análise

Ministro Paulo Guedes e Presidente Jair Bolsonaro Foto: Marcos Corrêa/PR

Levantamento realizado pela Arko Advice aponta que, caso o impacto positivo do Auxílio Brasil na popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) se iguale ao registrado pelo auxílio emergencial, lançado em 2020, a avaliação positiva (“ótimo/bom”) do governo poderá se aproximar dos 40%. A avaliação negativa (“ruim/péssimo”), por outro lado, também poderá recuar para um patamar similar aos 40%.

Conforme podemos observar na tabela a seguir, que considera as pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha a partir do pagamento do auxílio emergencial em maio de 2020, a avaliação positiva de Bolsonaro cresceu cinco pontos percentuais em oito meses. No mesmo período, a avaliação negativa recuou 11 pontos e o índice regular reduziu um ponto.

Auxílio Emergencial x Avaliação do governo

PESQUISAS DATAFOLHA Ótimo / Bom (%) Regular (%) Ruim / Péssimo (%)
mai/20 32 22 43
jun/20 32 23 44
ago/20 37 27 34
dez/20 37 29 32
SALDO +5 -1 -11

Na sondagem divulgada na semana passada pelo PoderData, foi possível constatar que, em relação a dezembro do ano passado, a avaliação positiva do governo cresceu cinco pontos percentuais (ver tabela a seguir). A avaliação negativa, por outro lado, caiu quatro pontos. Essa melhora na popularidade do governo pode ser atribuída ao Renda Brasil, que começou a ser pago naquele mês.

AUXÍLIO BRASIL X AVALIAÇÃO DO GOVERNO

PESQUISAS DATAFOLHA Ótimo / Bom (%) Regular (%) Ruim / Péssimo (%)
6/dez/21 22 20 54
21/dez/21 23 18 57
18/jan/22 25 18 53
31/jan/22 27 17 53
SALDO +5 -1 -4

Ou seja, em menos de um mês, já foi possível verificar um impacto positivo do Renda Brasil para os interesses eleitorais de Bolsonaro. A incógnita é saber se essa tendência se manterá nos próximos meses. Caso isso ocorra, Bolsonaro pode chegar mais bem avaliado em outubro, mês decisivo da sucessão presidencial.

Como existe forte correlação entre a avaliação do governo e a intenção de voto, essa possível melhora na popularidade do presidente sugere que sua competitividade eleitoral deve melhorar. Como consequência, a polarização com o ex-presidente Lula (PT) tende a se fortalecer, reduzindo ainda mais o espaço de crescimento para uma candidatura da terceira via.

Registre-se que o cenário econômico neste início de 2022 é diferente do apresentado em 2020, quando o governo começou a pagar o auxílio emergencial e viu a popularidade de Bolsonaro viver seu melhor momento desde o início do governo, em 2019. Variáveis como o preço dos combustíveis, dos alimentos e da energia podem limitar o impacto positivo do Renda Brasil.

Mesmo que tais aspectos diminuam o impacto positivo do Renda Brasil, é fundamental que Bolsonaro consiga reduzir seu índice de desaprovação (“ruim/péssimo”) para poder aumentar sua chance de reeleição.

Vale lembrar que os presidentes reeleitos após a redemocratização – FHC (1998), Lula (2006) e Dilma Rousseff (2014) – tinham percentuais de avaliação negativa que giravam em torno de 30%. Esses três presidentes, por outro lado, tinham avaliações positivas que se aproximavam dos 40%.

No atual cenário, com cerca de 30% de avaliação positiva, o presidente Jair Bolsonaro estaria no segundo turno contra Lula. O grande problema é sua elevada avaliação negativa (53%), praticamente a mesma da intenção de voto registrada por Lula nas simulações de segundo turno contra Bolsonaro.

Assim, a partir da redução da avaliação negativa, o que poderá acontecer caso se repita com o Renda Brasil o impacto positivo provocado pelo auxílio emergencial na popularidade do governo, o embate de Jair Bolsonaro com Lula, que hojes e mostra favorável ao pré-candidato do PT, poderá se acirrar nos próximos meses.

Como a economia será o principal tema da eleição presidencial deste ano, o governo tenderá a priorizar o social. Apresentar resultados econômicos passa a ser então fundamental para que Bolsonaro disponha de uma agenda nesse campo que se contraponha à narrativa de Lula, que aposta numa agenda de “volta ao passado” como forma de convencer o eleitorado de que, a partir de seu retorno à Presidência, a economia crescerá novamente.

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