As operações realizadas pela Polícia Federal (PF) contra os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), além de intensificarem as investigações contra aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), geraram repercussões importantes no cenário político.
Jordy é acusado de envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Ramagem é acusado de utilizar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na época em que comandou o órgão, durante o governo Jair Bolsonaro, para supostamente perseguir políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
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A oposição tem apostado na narrativa de perseguição política e revida criticando o ministro do STF, Alexandre de Moraes, um dos principais desafetos do bolsonarismo na Suprema Corte.
Outro aspecto a ser destacado é o impacto das operações da PF nas eleições municipais de outubro. Carlos Jordy é pré-candidato à prefeitura de Niterói (RJ), o que poderá lhe trazer prejuízos eleitorais. O mesmo ocorre com Alexandre Ramagem, pré-candidato à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.
Dependendo dos desdobramentos da investigação, Ramagem poderá ficar inviabilizado. Se isso ocorrer, o bolsonarismo precisará trocar seu pré-candidato pela segunda vez. Vale lembrar que, após o general Braga Netto (PL-RJ) ser considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o bolsonarismo precisou substituí-lo e por isso Ramagem assumiu seu lugar.
No caso de Ramagem, a suposta espionagem sobre políticos e ministros do STF pode ampliar seu desgaste e isolamento, já que nem mesmo os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), emitiram sinais de que concordam com a narrativa da oposição.
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Ainda que a narrativa de perseguição política mobilize a base social bolsonarista, as operações contra Jordy e Ramagem respingam politicamente também em Jair Bolsonaro. Questões como os atos antidemocráticos e a espionagem afastam os segmentos mais moderados do eleitorado, aumentando a rejeição a Bolsonaro.