Mesmo tendo sido um dos construtores da aliança entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB-SP), o ex-governador Márcio França (PSB), apesar do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) liderar as pesquisas, mantém seu nome postado no tabuleiro da disputa ao Palácio dos Bandeirantes.
Na semana passada, buscando se posicionar como uma alternativa à polarização que se desenha entre Haddad e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), França afirmou que sua pré-candidatura representa a terceira via no estado.
Em entrevista concedida à rádio Bandnews, Márcio França afirmou que nesta eleição “tem o candidato do ex-governador João Doria (PSDB), que é o atual governador Rodrigo Garcia (União Brasil), tem o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), que é o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), e tem o do ex-presidente Lula (PT), que é o Fernando Haddad (PT). São ideias diferentes, cada um representa um padrinho, mas no caso eu não tenho padrinho. O Brasil tentou encontrar uma terceira via, não encontrou, mas São Paulo encontrou. Eu me relaciono tanto com pessoas ligadas ao Bolsonaro quanto ao Lula, apenas por uma questão ideológica, vou apoiar Lula porque meu partido vai estar com Lula”.
A manutenção de Márcio França como pré-candidato embaralha a eleição ao Palácio dos Bandeirantes. Segundo a pesquisa divulgada na semana passada pela Genial/Quaest, França aparece em segundo lugar (ver tabela abaixo). No cenário em que Fernando Haddad não figura como candidato, o ex-governador assume a liderança. Outro aspecto importante a ser observado é que, quando Márcio França não aparece nas simulações, Haddad atinge quase 40% das intenções de voto.
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) | CENÁRIO 3 (%) | CENÁRIO 4 (%) |
Fernando Haddad (PT) | 30 | 37 | – | 39 |
Márcio França (PSB) | 17 | – | 29 | – |
Tarcísio de Freitas (Republicanos) | 10 | 12 | 12 | 14 |
Rodrigo Garcia (PSDB) | 5 | 8 | 9 | 9 |
Felício Ramuth (PSD) | 1 | 2 | 2 | – |
Elvis Cezar (PDT) | 1 | – | – | – |
Vinícius Poit (Novo) | 1 | 2 | 3 | – |
Gabriel Colombo (PCB) | 1 | – | – | – |
Altino Júnior (PSTU) | 1 | – | – | – |
Brancos/Nulos/Indecisos | 33 | 39 | 45 | 38 |
*Fonte: Genial/Quaest (06 a 09/05)
Ou seja, França se transformou numa peça estratégica da sucessão em SP. Caso mantenha sua candidatura, poderá disputar uma vaga no segundo turno com Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), embolando ainda mais a disputa. A continuidade de Márcio França no jogo cria um obstáculo adicional para Garcia, já que França tem penetração no eleitorado tucano por conta de sua vinculação com Geraldo Alckmin. Já se Márcio França sair do jogo, compondo com Fernando Haddad, o PT abre um canal importante de diálogo mais ao centro.
Outro movimento importante a ser mencionado, ocorrido na semana passada, foi o anúncio feito por Jair Bolsonaro de que o apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena (PSC), será o candidato ao Senado na chapa de Tarcísio. Numa eleição que se desenha bastante equilibrada, Datena pode ser uma peça estratégica para Tarcísio de Freitas, ancorado no apoio do bolsonarismo, crescer à direita.
O fortalecimento da chapa de Tarcísio de Freitas é um fator que poderá pesar no cálculo de Márcio França, pois como Fernando Haddad deve concentrar o voto de esquerda em SP, e Tarcísio ser turbinado como o voto de eleitores mais à direita – o espaço ao centro poderá se reduzir.